Abstract
Recentes desenvolvimentos em biologia e nas ciências cognitivas têm trazido para o domínio do estudo das ciências naturais questões que até há bem pouco tempo eram consideradas específicas dos domínios filosófico e científico. Trata-se das questões à volta da alma, da mente, do espírito, da consciência, etc. Até que ponto uma "naturalização" da análise destas questões põe em causa a antropologia tradicional de raiz aristotélico-tomista? O presente estudo afirma que uma tal "naturalização" corresponde à emergência de um novo paradigma, no interior do qual aqueles conceitos adquirem novos significados, já não específicos apenas da filosofia e da teologia. Por outro lado. uma tal análise não só não põe em causa outros conceitos como o de imortalidade do ser humano, mas, pelo contrário, os afirma de um modo mais adequado ao actual contexto cultural de final de século. /// Recent developments in biology and in the cognitive sciences have brought to the domain of natural science questions that have until recently been considered specific of philosophy and theology, questions on soul, mind, spirit, consciousness, etc. To what extent "naturalising" the analysis of such questions leads to abbandon the traditional anthropology based on Thomas Aquinas' thought? This essay argues that such a "naturalization" corresponds to the emerging of a new paradigm, which gives those concepts a new meaning, a meaning that is no longer specific of philosophy or theology. On the other hand, such an analysis does not deny religious beliefs such as the immortality of the human being, it rather affirms them, although in a new, more adequate way, taking into account the cultural changes that are taking place in this end of century.