Abstract

O objectivo do presente artigo é analisar a concepção da Ironia de Søren Kierkegaard tal como esta se apresenta na sua tese de doutoramento Sobre o Conceito de Ironía em constante referência a Sócrates (1841). Segundo o autordo artigo, Kierkegaard defende nesta obra uma concepção da Ironia a que ele mesmo se refere como sendo uma tendência total e que está basicamente caracterizada pela sua infinita absoluta negatividade. Segue-se daqui a inferência de que Kierkegaard não utilizou a Ironia como recurso retórico para a sua suposta estratégia como autor religioso. Pelo contrário, a Ironia deve ser entendida como esse "começo absoluto da vida pessoal" a que Kierkegaard se submeteu totalmente. /// The aim of this paper is to analyze Kierkegaard's conception of irony as developed in his dissertation On the Concept of Irony with constant reference to Socrates (1841). The author of the article shows that Kierkegaard defends in this work a conception of irony to which he refers as a total endeavour and is basically characterized by its infinite absolute negativity. This will prove that we cannot claim that Kierkegaard used irony as a rhetorical device for his so-called strategy as a religious author. On the contrary, irony has to be understood as that "absolute beginning of personal life" to which Kierkegaard submitted himself totally.