A emersão do homo friabilis: subjetivação em tempo de cleptoafetividade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v33n68a2019-51962

Palavras-chave:

Subjetivação, Afetos, Homo friabilis, Condição humana, Deleuze e Guattari

Resumo

Resumo: O artigo investiga a seguinte hipótese: o homo friabilis tem se tornado uma nova condição para a compreensão humana emergente da experiência contemporânea. O homo friabilis é uma experiência de fragmentação, no sentido de friável, ou seja, aquilo que se fragmenta facilmente, esboroa-se, ou em sua aquisição mais figurativa, desagrega-se. Para tanto, parte-se de uma questão teórica situada por Deleuze e Guattari em Mil Platôs acerca da complexa relação da potência-impotência do poder na produção de subjetivação. Ver-se-á que tal perspectiva diz respeito ao coeficiente afetivo dos sujeitos. Nesse caso, o sujeito contemporâneo estaria padecendo de uma cleptoafetividade, entendida como roubo da potência de agir e demanda maior à adaptação aos circuitos afetivos padronizados. Ao explorar esse cenário, o artigo sustenta que não se pode ignorar o impacto de tais mutações para se avançar nas pesquisas concernentes às ciências humanas.

Palavras-chave: Subjetivação. Afetos. Homo friabilis. Condição humana. Deleuze e Guattari.

The rise of homo friabilis: subjectivation in klepto affectivity times

Abstract: The article investigates the following hypothesis: the homo friabilis has become a new condition for the emerging human understanding of contemporary experience. The homo friabilis is an experience of fragmentation, meaning friable, i.e., that which breaks up easily, crumbles up, or in its figurative acquisition, disintegrates. To this purpose, it starts from a theoretical question posed by Deleuze and Guattari in Thousand Plateaus about the complex power-powerlessness relation of power in the production of subjectivation. It will be seen that such perspective concerns the affective coefficient of the subjects. In this case, the contemporary subject would be suffering from klepto affectivity, understood as theft of the power to act and demands greater adaptation to the standardized affective circuits. In exploring this scenario, the paper argues that the impact of such mutations cannot be ignored to advance research on the humanities.

Key-words: Subjectivation. Affections. Homo friabilis. Human condition. Deleuze and Guattari.

La emersion del homo friabilis: subjetivación en tiempos de clepto afectividad

Resumen: El artículo investiga la siguiente hipótesis: el homo friabilis se ha convertido en una nueva condición para la comprensión humana emergente de la experiencia contemporánea. El homo friabilis es una experiencia de fragmentación, en el sentido de friabilidad, es decir, lo que se fragmenta fácilmente, se desborda, o en su adquisición más figurativa, se desintegra. Con este fin, se parte de una pregunta teórica planteada por Deleuze y Guattari en Mil Mesetas sobre la compleja relación potencia-impotencia del poder en la producción de subjetivación. Se verá que tal perspectiva concierne al coeficiente afectivo de los sujetos. En este caso, el sujeto contemporáneo sufriría una clepto afectividad, entendida como robo de la potencia de actuar y demanda de una mayor adaptación a los circuitos afectivos estandarizados. Al explotar este escenario, el artículo argumenta que el impacto de tales mutaciones no puede ser ignorado para avanzarse en la investigación de las ciencias humanidades.

Palabras clabe: Subjetivación. Afectos. Homo friabilis. Condición humana. Deleuze y Guattari.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alexandre Filordi de Carvalho, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Referências

ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

BERARDI, FRANCO. A fábrica da infelicidade. Trabalho cognitivo e crise da new economy. Porto Alegre: DP&A, 2005.

CARR, Nicholas. The Shallows: what the internet is doing to our brains. New York: Norton, 2011.

DE BOEVER, Arne; NEIDICH, Warren. The psychopathologies of cognitive: capitalism. Part one. Berlin: Archive Books, 2013.

DEBORG, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.

DELEUZE, GILLES; GUATTARI, FÉLIX. O anti-Édipo. São Paulo: Editora 34, 2010.

DELEUZE, GILLES; GUATTARI, FÉLIX. Mil platôs. Vol. 3. São Paulo, 2012.

FAYE, Jean-Pierre. Introdução às linguagens totalitárias. São Paulo: Perspectiva, 2009.

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo: Martis Fontes: 1995.

GALLEGO, Esther Solano (Org.). O ódio como política: a reinvenção das direitas no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.

GAZZALEY, Adam; ROSEN, Larry D. The distracted mind. Ancients brains in a high-tech world. London/Massachusetts: The MIT Press, 2016.

GUATTARI, Félix. As creches e a iniciação. In. Revolução molecular: pulsações políticas do desejo. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 50-55.

HOSANG, Daniel M.; LOWDNS, Joseph E. Producers, parasites, patriotes. Race and the new right-wing politics of precarity. London/Minneapolis: University of Minnesota Press, 2019. https://doi.org/10.5749/j.ctvdjrrcq

KINZER, Stephen. Overthrow. Amercia’s century of regime change. From Hawaii to Iraq. New York: Times Book, 2006.

KLEIN, Naomi. The shock doctrine. The rise of disaster capitalism. New York: Picador, 2007.

KLEIN, Naomi. Não basta dizer não: resistir à nova política de choque e conquistar o mundo do qual precisamos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017.

LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.

McLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 2016

PRECIADO, Paul Beatriz. Texto Junkie. Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. São Paulo: N-1, 2018.

ROSE, NIKOLAS. Inventando nossos selfs. Psicologia, poder e subjetividade. Petrópolis: Vozes, 2011.

SPINOZA. Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

SNOWDEN, Edward. Eterna vigilância. São Paulo: Planeta, 2019.

STANDING, Guy. O precariado. A nova classe perigosa. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

TURKLE, Sherry. Alone together. Why we expect more from technology and less from each other. New York: Basic Books, 2012

TWENGEE, Jean M.; CAMPBELL, Keith W. The narcissism epidemic. New York: Atri, 2013.

Downloads

Publicado

2020-11-30

Como Citar

FILORDI DE CARVALHO, A. A emersão do homo friabilis: subjetivação em tempo de cleptoafetividade. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 33, n. 68, p. 591–616, 2020. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v33n68a2019-51962. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/51962. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Entre o governo das diferenças e os corpos ingovernáveis: potência da vid