Qual herança da modernidade? Uma crítica ao universalismo como critério normativo e projeto cosmopolita

Autores

  • Leno Francisco Danner Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v31n62a2017-p1191a1226

Palavras-chave:

Habermas, Modernidade, Racionalismo, Universalismo, Herança

Resumo

Qual herança da modernidade? Uma crítica ao universalismo como critério normativo e projeto cosmopolita

Resumo: A cultura europeia moderna possui, na teoria da modernidade de Habermas, duas características especiais e correlatas, secularização das instituições e subjetividade reflexiva, que viabilizariam a constituição de processos de socialização-subjetivação não-etnocêntricos e não-egocêntricos, garantidores do universalismo e instauradores da democracia e dos direitos humanos como o seu cerne. Critico esta posição, acusando-a de apresentar uma cegueira histórico-sociológica e uma romantização do racionalismo que o idealiza e o separa dos processos colonizatórios desenvolvidos desde a Europa, pondo-o como independente em relação a eles, de modo a servir como paradigma avaliativo dos contextos particulares e base para um processo integrativo em nível cosmopolita. Defenderei que o universalismo epistemológico-moral, ao colocar a racionalização como a chave para a maturidade das culturas e para a realização de um projeto cosmopolita, leva diretamente à deslegitimação dos saberes e das práticas mítico-tradicionais, abrindo espaço à modernização travestida de colonização cultural e globalização econômica.  

Palavras-chave: Habermas; Modernidade; Racionalismo; Universalismo; Herança.

Which heritage of modernity? A critic to universalism as normative criteria and cosmopolitan project

Abstract: according to Habermas' theory of modernity, European culture has two special and related characteristics, institutional secularization and reflexive subjectivity, which would enable the constitution of processes of non-ethnocentric and non-egocentric socialization-subjetivation, guaranteeing universalism and establishing democracy and human rights as its basis. I criticize habermasian position, accusing it of having a historical-sociological blindness and performing a romanticization of rationalism that idealize and separate it of the colonization process developed since Europe, placing it as independent of economic-cultural colonization, in a way to serve of evaluative paradigm of particular contexts, as basis to a cosmopolitan integrative project. I will defend that epistemological-moral universalism, in the moment it putts the rationalization as key to the maturity of the cultures and of a cosmopolitan integrative project, leads directly to delegitimation of mythical-traditional knowledge and practices, opening a free way to modernization travestied of cultural colonization and economic globalization. 

Keywords: Habermas; Modernity; Rationalism; Universalism; Heritage.

¿Qué herencia de la modernidad? Una crítica al universalismo como criterio normativo y projecto cosmopolita

Resúmen: La cultura europea moderna posee, en la teoría de la modernidad de Habermas, dos características especiales y correlatas, secularización de las instituciones y subjetividad reflexiva, que viabilizarían la constitución de procesos de socialización-subjetivación no-etnocéntricos y no-egocéntricos, garantidores del universalismo e instauradores de la democracia y de los derechos humanos como su núcleo. Critico esta posición, acusándola de poseer una ceguera histórico-sociológica y una romantización del racionalismo que lo idealiza y lo separa de los procesos colonizatorios desarrollados desde Europa, poniéndolo como independiente en relación a ellos, para servir como paradigma evaluativo de los contextos particulares y base para un proceso integrativo a nivel cosmopolita. Defenderé que el universalismo epistemológico-moral, al colocar la racionalización como la clave para la madurez de las culturas y para la realización de un proyecto cosmopolita, lleva directamente a la deslegitimación de los saberes y de las prácticas mítico-tradicionales, abriendo espacio a la modernización travestida de colonización cultural y la globalización económica. 

Palabras clave: Habermas; Modernidad; Racionalismo; Universalismo; Herencia.

Data de registro: 03/11/2015

Data de aceite: 21/06/2017

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leno Francisco Danner, Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Doutor em Filosofia (PUC-RS). Professor de Filosofia e de Sociologia no Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Referências

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ãvila, Eliana Lourenço de Lima Reis e Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.

FORST, Rainer. Contextos da justiça: filosofia política para além de liberalismo e comunitarismo. Tradução de Denilson Luís Werle. São Paulo: Boitempo, 2010.

HABERMAS, Jurgen. Teoria do agir comunicativo: racionalidade da ação e racionalização social (Vol. I). Tradução de Paulo Astor Soethe. Revisão Técnica de Flávio Beno Siebeneichler. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

HABERMAS, Jurgen. Teoria do agir comunicativo: sobre a crítica da razão funcionalista (Vol. II). Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

HABERMAS, Jurgen. Pensamento pós-metafísico: estudos filosóficos. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.

HABERMAS, Jurgen. La necesidad de revisión de la izquierda. Traducción de Manuel Jiménez Redondo. Madrid: Editorial Tecnos, 1991.

HABERMAS, Jurgen. O discurso filosófico da modernidade: doze lições. Tradução de Luiz Sérgio Repa e de Rodnei Nascimento. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

HABERMAS, Jurgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política. Tradução de George Sperber e de Paulo Astor Soethe. São Paulo: Loyola, 2002.

HABERMAS, Jurgen. Passado como futuro. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993.

HABERMAS, Jurgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. vol. 1. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

HABERMAS, Jurgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. vol. 2. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

HABERMAS, Jurgen. A ética da discussão e a questão da verdade. Organização e Tradução de Patrick Savidan. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos Sociais. Tradução de Luiz Repa. São Paulo: Editora 34, 2003.

HONNETH, Axel. Reificación: un estudio en la teoría del reconocimiento. Traducción de Graciela Calderón. Buenos Aires: Katz, 2007.

HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos: Uma História. Tradução de Rosaura Echenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

MIGNOLO, Walter D. La idea de América Latina: la herida colonial y la opción decolonial. Traducción de Silvia Jawerbaum y Julieta Barba. Barcelona: Editorial Gedisa, 2007.

SPIVAK, Gayatri C. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.

Downloads

Publicado

2017-08-30

Como Citar

DANNER, L. F. Qual herança da modernidade? Uma crítica ao universalismo como critério normativo e projeto cosmopolita. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 31, n. 62, p. 1191–1226, 2017. DOI: 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v31n62a2017-p1191a1226. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/32148. Acesso em: 25 maio. 2024.