Formação Médica e Processos Inclusivos: práticas interdisciplinares de ensino balizadas pelos saberes da educação especial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v36n76a2022-60452

Palavras-chave:

Acessibilidade, Formação Médica, Inclusão, Educação Especial

Resumo

Resumo: A acessibilidade como tema transversal à formação dos egressos da Universidade Federal do Pampa se faz presente tanto no projeto institucional da universidade quanto nos Projetos Pedagógicos dos Cursos. No entanto, embora tal intencionalidade constar nos documentos institucionais, a materialização de tal temática - para além da garantia dos requisitos legais de acessibilidade presentes nos instrumentos de avaliação do ensino superior - se mostra incipiente. No curso de Medicina, apesar do tema da diversidade e, da garantia de equidade sem qualquer tipo de distinção, no atendimento da rede básica, compor as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação dos futuros médicos, a discussão sobre a temática da deficiência é recente, sendo atualmente impulsionada pela demanda de recursos para este público, em específico, na atenção básica de saúde, em função da pandemia da COVID-19. Neste artigo, apresentamos as práticas interdisciplinares que vêm sendo protagonizadas entre o Curso de Medicina e o Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências. Dentre estas práticas estão a produção de pranchas em Comunicação Alternativa Aumentativa (CAA) para apoio ao diagnóstico do COVID-19 em pacientes com deficiência; materiais instrucionais acessíveis sobre temas envolvendo a pandemia; curso de CAA para estudantes da área da saúde e formação de profissionais dos serviços de saúde para o atendimento de usuários com deficiência. Estas práticas e suas consequências para a formação dos estudantes de Medicina, constitui o objetivo deste trabalho.

Palavras-chave: Acessibilidade; Formação Médica; Inclusão; Educação Especial

Medical Education and Inclusive Processes: interdisciplinary teaching practices guided by the knowledge of special education

Abstract: The accessibility, as transversal theme to the formation of the Pampa Federal University egresses, is present in the University institutional project as well in the Courses Pedagogical Projects. However, although such intentionality appears in the institutional documents, the materialization of such theme – apart from the guarantee of the accessibility legal requirements present in the evaluation instruments of the university education – is still incipient. Even in the medical course, in spite of the diversity theme and the guarantee of equality without any kind of distinction in the basic system assistance compose the National Curricular Guidelines to the education of the futures doctors, is recent the discussion about the disability theme, being nowadays stimulated by the demand of resources required for this specific type of public in the primary health care, arising from the COVID-19 pandemic. In this article, we present the interdisciplinary practices that have been executed in the Medical Course and Professional Master’s Degree on Sciences Teaching. Among these practices we have the production of boards in Augmentative Alternative Communication (AAC) for supporting the COVID-19 diagnosis in disabled patients; accessible instructional materials about themes concerning the pandemic; AAC courses for health area students and training of health services professionals for the assistance of disabled users. These practices and their consequences for the education of Medical students are the objective of the present work.

Key-Words: Accessibility; Medical Training; Inclusion; Special Education

Educación médica y procesos inclusivos: prácticas docentes interdisciplinarias guiadas por el conocimiento de la educación especial

Resumen: La accesibilidad como tema transversal a la formación de los egresados ​​de la Universidad Federal de Pampa está presente tanto en el proyecto institucional de la universidad como en los Proyectos Pedagógicos de los Cursos. Sin embargo, aunque tal intencionalidad está incluida en los documentos institucionales, la materialización de tal tema, además de garantizar los requisitos legales de accesibilidad presentes en los instrumentos de evaluación de la educación superior, es aún incipiente. En el curso de medicina, a pesar del tema de la diversidad y la garantía de equidad sin ningún tipo de distinción, en la atención de la red básica, componiendo los Lineamientos Curriculares Nacionales para la formación de futuros médicos, la discusión sobre el tema de la discapacidad es reciente. , siendo impulsado actualmente por la demanda de recursos para este público, específicamente, en la atención primaria de salud, debido a la pandemia de COVID-19. En este artículo presentamos las prácticas interdisciplinarias que se vienen dando entre el Curso de Medicina y el Programa de Maestría Profesional en Enseñanza de las Ciencias. Entre estas prácticas se encuentran la producción de tableros en Comunicación Aumentativa Alternativa (CAA) para apoyar el diagnóstico de COVID-19 en pacientes con discapacidad; materiales educativos accesibles sobre temas relacionados con la pandemia; Curso CAA para estudiantes del área de la salud y formación de profesionales de los servicios de salud para la asistencia a usuarios con discapacidad. Estas prácticas y sus consecuencias para la formación de los estudiantes de medicina, constituyen el objetivo de este trabajo.

Palabras-clave: Accesibilidad; Entrenamiento Médico; Inclusión; Educación Especial

Data de registro: 14/04/2021

Data de aceite: 01/12/2021

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Amélia Rota Borges de Bastos, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Doutora em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Professora na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). E-mail: ameliabastos@unipampa.edu.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/1075436289053313. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2355-5263.

Luciana de Souza Nunes, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). E-mail: luciananunes@unipampa.edu.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9481005095699614. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3437-0256

Referências

BASTOS Amélia. R. B; DANTAS, Lucas. M. Construção de Recursos Alternativos para alunos com deficiência no ensino de Química. In: Mol, Gérson. Reflexões e Debates em Educação Química. 1 ed.Curitiba: CRV, 2017, v.1, p. 173-188.

BRASIL. Resolução CNE/CES nº 4, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. [S. l.], 7 nov. 2001.

BRASIL. Lei nº. 13.362 de 23 de novembro de 2016. Dispõe sobre a efetivação de ações de saúde que assegurem a prevenção, a detecção, o tratamento e o seguimento dos cânceres do colo uterino e de mama, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS", para assegurar o atendimento às mulheres com deficiência.

BRASIL. Resolução CNE/CES nº 3, de 20 de junho de 2014. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e dá outras providências. [S. l.], 20 jun. 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Saúde da Pessoa com Defi ciência / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2010. 24 p. : il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)

CIFALI, M. Démarche Clinique, Formation et Écriture. In: PAQUAY, L.; ALTET, M.; CHARLIER, E.. Former des enseignants professionnels: quelles stratégies? Quelles compétences? Bruxelles: Boeck Université, 1996.

COSTA, Luiza Santos Moreira da. Inclusão no curso médico: Atenção Integral à Saúde das Pessoas com Deficiência. Rio de Janeiro: H. P. Comunicação, 2015.

COSTA, Luiza Santos Moreira da; KOIFMAN, Lilian. O Ensino sobre Deficiência a Estudantes de Medicina: o que Existe no Mundo?. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro , v. 40, n. 1, p. 53-58, Mar. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022016000100053&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 6 abr. 2021. https://doi.org/10.1590/1981-52712015v40n1e01302014

FERREIRA, Yara Cristina de Souza. As dificuldades dos profissionais de enfermagem da Atenção Básica em prestar atendimento à Pessoa Com Deficiência (PCD) auditiva e/ou fala. Rev. Cient. do Instituto Ideia, Rio de Janeiro, v.1, n. 8, p. 233-250, 2019. Disponível em: http://www.revistaideario.com.br/pdf/desm/revista.ideario.13n.01_2019/revista.Ideario.N13.01(2019).233.as.dificuldades.dos.profissionais.pdf. Acesso em 01 abr. 2021.

FREITAS, Elizandra Farias. et al. Desafios do atendimento médico de pessoas com deficiência física no município de Anápolis, Goiás. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 6, p. 35480-35496, jun. 2020. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/11316. Acesso em 29 mar. 2021. https://doi.org/10.34117/bjdv6n6-184

FRENCH, Sally. Simulation exercises in disability awareness training: a critique. Disability, Handicap & Society 1992; 7(3):257-266. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02674649266780261. Acesso em: 28 mar. 2021. https://doi.org/10.1080/02674649266780261

INTERDONATO, Giovanna Carla; GREGUOL, Márcia. Promoção da Saúde de Pessoas com Deficiência – uma revisão sistemática. HU Revista, [S. l.], v. 37, n. 3, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/1661. Acesso em: 28 mar. 2021.

MAXWELL, Simon; WALLEY, Tom. Teaching safe and effective prescribing in UK medical schools: a core curriculum for tomorrow's doctors. British Journal of Clinical Pharmacology, 55: 496-503, 2003. Disponível em: https://bpspubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1046/j.1365-2125.2003.01878.x. Acesso em 7 abr. 2021. https://doi.org/10.1046/j.1365-2125.2003.01878.x

PAGLIOSA, Fernando Luiz; DA ROS, Marco Aurélio. O relatório Flexner: para o bem e para o mal. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro , v. 32, n. 4, p. 492-499, Dec. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022008000400012&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 28 mar. 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-55022008000400012.

LEVINO, Danielle de Azevedo et al. Libras na graduação médica: o despertar para uma nova língua. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro , v. 37, n. 2, p. 291-297, June 2013 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022013000200018&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 30 mar. 2021. https://doi.org/10.1590/S0100-55022013000200018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA (UNIPAMPA). Projeto Pedagógico do Curso de Medicina Bacharelado, PPC Uruguaiana - Medicina, Unipampa - Campus Uruguaiana, 180p., 2019. Disponível em: http://cursos.unipampa.edu.br/cursos/medicina/files/2019/11/ppc-2019-medicina.pdf. Acesso em: 28 mar. 2021.

VIEIRA, Camila Mugnai; CANIATO, Daniella Gimenez; YONEMOTU, Bianca Pereira Rodrigues. Comunicação e acessibilidade: percepções de pessoas com deficiência auditiva sobre seu atendimento nos serviços de saúde. Rev Eletron Comun Inf Inov Saúde. Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, Abr.-Jun. 2017. DOI: https://doi.org/10.29397/reciis.v11i2.1139. Disponível em: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/1139/2114. Acesso em: 6 abr. 2021.

ZAPOROSZENKO, Ana; DE ALENCAR, Gizeli Aparecida Ribeiro. Comunicação Alternativa e paralisia cerebral: recursos didáticos e de expressão. [S. l.], 2008. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/md_ana_zaporoszenko.pdf. Acesso em: 6 abr. 2021.

Downloads

Publicado

2022-05-23

Como Citar

BASTOS, A. R. B. de; NUNES, L. de S. Formação Médica e Processos Inclusivos: práticas interdisciplinares de ensino balizadas pelos saberes da educação especial. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 36, n. 76, p. 313–334, 2022. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v36n76a2022-60452. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/60452. Acesso em: 8 jun. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Políticas, práticas e culturas inclusivas em contextos universitários distintos