Sociedade de desempenho e governo da vida deficiente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v34n70a2020-56419

Palavras-chave:

Sociedade de Desempenho, Corpo Deficiente, Empreendedorismo, Empresariamento de si

Resumo

Sociedade de desempenho e governo da vida deficiente

Resumo: Na sociedade de desempenho, atribui-se a cada indivíduo a responsabilidade de fazer render seu corpo, seu tempo, sua criatividade e sua imaginação. Nesse jogo, a vida foi submetida ao cálculo administrativo, visando a eliminar a negatividade, os riscos e modos de resistências que impedem a realização do capital e de sua comunicação. É dessa perspectiva que a alteridade do deficiente, a qual resiste ou retarda a nova ordem, é negada, pois sua negatividade constitui obstáculo à lógica do desempenho, da eficiência e da lucratividade. Tendo em vista o referido contexto, busca-se pensar duas questões: Que ressonância a alteridade e a negatividade dos corpos deficientes têm sobre a cultura do desempenho e do empresariamento da vida? Que vida há nos corpos deficientes que afrontam o biopoder? Essas questões serão abordadas ao longo do artigo, tendo como ponto de referência algumas cenas - crônicas jornalísticas - nomeadas livremente de imagens literárias.

Palavras-Chave: Sociedade de Desempenho; Corpo Deficiente; Empreendedorismo; Empresariamento de si.

Performance society and the government of deficient life

Abstract: In the performance society, each individual is responsible for making it profitable the body, the time, the creativity and the imagination. In this game, life was subjected to administrative calculation in order to eliminate negativity, risks and ways of resistance that prevent the realization of the capital and its communication. It is from this perspective that the alterity of the disabled, who resists or delays the new order, is denied as its negativity constitutes an obstacle to the logic of performance, efficiency and profitability. In view of the aforementioned context, we seek to think about two questions: What resonance do alterity and negativity of disabled bodies have on the culture of life's performance and entrepreneurship? What life is there in the deficient bodies that face the biopower? These issues will be addressed throughout the article with reference to some scenes - journalistic chronicles - which we freely named literary images.

Keywords: Performance Society; Disabled Body; Entrepreneurship; Entrepreneur of oneself.

Sociedad del desempeño y gobernanza deficiente

Resumen: En la sociedad del desempeño, cada individuo es responsable de rendir su cuerpo, tiempo, creatividad e imaginación. En este juego, la vida fue sometida a un cálculo administrativo para eliminar la negatividad, los riesgos y las formas de resistencia que obstaculizan la realización del capital y su fuerza comunicativa. Es desde esta perspectiva que se niega la alteridad de los discapacitados, que resisten o retrasan el nuevo orden, ya que su negatividad constituye un obstáculo para la lógica del rendimiento, la eficiencia y la rentabilidad. En vista del contexto antes mencionado, tratamos de pensar en dos preguntas: ¿Qué resonancia tienen la alteridad y la negatividad de los cuerpos discapacitados en la cultura del desempeño de la vida y el espíritu empresarial? ¿Qué vida hay en los cuerpos discapacitados que enfrentan el biopoder? Estos temas se abordarán a lo largo del artículo con referencia a algunas escenas, crónicas periodísticas, que nombramos libremente imágenes literarias.

Palabras clave: Sociedad del Desempeño; Cuerpo Discapacitado; Autogestión.

Data de registro:30/07/2020

Data de aceite: 23/09/2020

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Divino José da Silva, Universidade Estadual Paulista (UNESP / Marília)

Divino José da Silva. Doutor em Educação pela FFC/UNESP/Marília. Professor de Filosofia do Departamento de Educação e Programa de pós-Graduação em Educação da FCT/UNESP/Presidente Prudente, SP. E-mail: divino.silva@unesp.com.br ORCID  https://orcid.org/0000-0003-0000-1268

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Bartleby, ou da contingência. Tradução de Vinicius Honesko. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

ANGELL, Roger. Eu, um velho. Como viver aos 90. Revista Piauí, n. 93, junho de 2014.

BENJAMIN, Walter. Experiência e pobreza. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras Escolhidas, v. I).

BRUM, Eliane. A história de um olhar. In: BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006a. p. 20-25.

BRUM, Eliane. Eva contra as almas deformadas. In: BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006b. p. 96-102.

BUTLER, Judth. Relatar a si mesmo. Crítica da violência ética. Tradução de Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

COSTA, Jurandir Freire. O vestígio e a aura. Corpo e consumismo na moral do espetáculo. Rio de Janeiro: Garamond Universitária, 2004.

CRARY, Jonathan. 24/7 capitalismo tardio e os fins do sono. Tradução de Joaquim Toledo Júnior. São Paulo: Ubu, 2016.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo. Ensaio sobre a sociedade neoliberal. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.

DELEUZE, Gilles. Pós-scriptum sobre as sociedades de controle. In: DELEUZE, Gilles. Conversações. Tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo: Editora 34, 1992.

DUARTE, André. Foucault e as novas figuras da biopolítica: o fascismo contemporâneo. In: RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo (org.). Para uma vida não fascista. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

EHRENBERG, Alain. O culto da performance. Da aventura empreendedora à depressão nervosa. Tradução de Pedro F. Bendassolli. Aparecida, SP: Idéias e Letras, 2010.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: FOUCAULT, Michel. Ditos & Escritos IV. Estratégia, poder-saber. Tradução de Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010a. p. 203-222.

FOUCAULT, Michel. Prefácio (Anti-Édipo). In: FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos VI. Repensar a política. Tradução de Ana Lúcia Paranhos Pessoa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010b.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Após Auschwitz. In: GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006. p. 59-81.

GIROUX, Henry. O neoliberalismo é a nova face do fascismo. A linguagem neoliberal na educação. 2018. Disponível em: https://www.counterpunch.org/2018/12/25/the-language-of-neoliberal-education/. Acesso em: 09 jan. 2019.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Gianchini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017a.

HAN, Byung-Chul. Sociedade da transparência. Tradução de Enio Paulo Gianchini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017b.

HAN, Byung-Chul. A agonia de eros. Tradução de Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água, 2014. https://doi.org/10.2307/j.ctvt9k1sh

HENIG, Robin Maratz. Juízo final. Uma paciente de Alzheimer decide pôr fim à própria vida. Revista Piauí, n. 106, julho de 2015.

LAPOUJADE, David. Deleuze, os movimentos aberrantes. Tradução de Laymet Garcia dos Santos. São Paulo: n-1 edições, 2107.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Tradução de Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.

PELBART, Peter Pál. A vertigem por um fio. Políticas da subjetividade contemporânea. São Paulo: FAPESP; São Paulo: Iluminuras, 2000.

PELBART, Peter Pál. Biopolítica. Sala Preta, São Paulo, USP, v. 7, n. 1, p. 57-66, 2007. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v7i0p57-66

PELBART, Peter Pál. Vida capital. Ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras, 2011.

ROLNIK, Suely. Esferas da insurreição. Notas para uma vida não cafetina. São Paulo: n-1 edições, 2018.

SANT`ANNA, Affonso Romano. A cegueira e o saber. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

SKLIAR, Carlos. As quatro formas da linguagem entre a identidade e a diferença: a voz, a escrita, a intimidade e a solidão. In: PAGNI, Pedro A.; LOPES, Rodrigo B.; SILVA, Divino José da. (org.). Experiência de pensamento na educação: identidade ou diferença. Marília, SP: Poïesis, 2017.

Downloads

Publicado

2021-01-18

Como Citar

SILVA, D. J. da. Sociedade de desempenho e governo da vida deficiente. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 34, n. 70, p. 45–71, 2021. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v34n70a2020-56419. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/56419. Acesso em: 5 jun. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Governo das diferenças e as cartografias do ingovernável na educação: