Utopia como potencial crítico da Modernidade Capitalista

Autores

  • Allan Silva Coelho Professor do Núcleo de Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIMEP
  • Arlindo Manuel Esteves Rodrigues Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP
  • Luis Eduardo Waldemarin Wanderley Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v32n65a2018-15

Palavras-chave:

Utopia, Modernidade, Fetiche, Pensamento mítico, Idolatria

Resumo

Utopia como potencial crítico da Modernidade Capitalista

Utopia é um conceito moderno que articula a enunciação de um mundo melhor e a reflexão crítica sobre a realidade. Constitui, como formas da consciência (Mannheim) ou como modelos de perfeição (Hinkelammert), instrumento de análise da realidade sócio-política. Mesmo ante a secularização e a racionalização, o conceito permanece aparentado da religião, por articular esferas do desejo, de esperança ou do simbolismo, em que sonhar uma vida diferente aponta para a negação da realidade estabelecida. Neste texto, no diálogo do marxismo crítico de Bloch e Benjamin com a teologia latino-americana, indicamos a força da esperança frente fetiches e idolatrias do capitalismo na dialética do pensamento utópico e o pensamento mítico, como forma de renovar a abordagem dos problemas epistemológicos com a política. Considerar a ilusão transcendental permite outra crítica da razão instrumental e da estrutura epistemológica que nega e oculta a possibilidade da razão utópica e da razão mítica.

Palavras-chave: Utopia; Modernidade; Fetiche; Pensamento mítico; Idolatria. 

Utopia as critical potential of Capitalist Modernity

Abstract: Utopia is a modern concept that articulates the enunciation of a better world and the critical reflection on reality. It constitutes, as forms of consciousness (Mannheim) or as models of perfection (Hinkelammert), instrument of analysis of socio-political reality. Even in the face of secularization and rationalization, the concept remains related to religion, by articulating spheres of desire, hope or symbolism, in which dreaming of a different life points to the denial of established reality. In Bloch and Benjamin's critical Marxist dialogue with Latin American theology, we indicate the strength of hope in the face of fetishes and idolatries of capitalism in the dialectic of utopian thought and mythical thought as a way of renewing the approach of epistemological problems to politics. To consider the transcendental illusion allows another critique of instrumental reason and the epistemological structure that denies and hides the possibility of utopian reason and mythic reason.

Keywords: Utopia; Modernity; Fetish; Mythical thought; Idolatry.

L'utopie comme potentiel critique de la modernité capitaliste

Résumé: L'utopie est un concept moderne qui articule l'énonciation d'un monde meilleur et la réflexion critique sur la réalité. Elle constitue, comme formes de conscience (Mannheim) ou comme modèles de perfection (Hinkelammert), instrument d'analyse de la réalité socio-politique. Même face à la sécularisation et à la rationalisation, le concept reste lié à la religion, en articulant des sphères de désir, d'espoir ou de symbolisme, dans lesquelles le rêve d'une vie différente renvoie au déni de la réalité établie. Dans le dialogue marxiste critique de Bloch et Benjamin avec la théologie latino-américaine, nous montrons la force de l'espoir face aux fétiches et aux idolâtries du capitalisme dans la dialectique de la pensée utopique et de la pensée mythique comme moyen de renouveler l'approche des problèmes épistémologiques avec la politique. Considérer l'illusion transcendantale permet une autre critique de la raison instrumentale et de la structure épistémologique qui nie et cache la possibilité de la raison utopique et de la raison mythique.

Mots-clés: Utopie; Modernité; Fétiche; Pensée mythique; Idolâtrie.

Data de registro: 27/11/2017

Data de aceite: 23/05/2018

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Allan Silva Coelho, Professor do Núcleo de Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIMEP

Doutorado em Faculdade de Filosofia e Ciencias da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, Brasil(2014)
Professor Universitário da Universidade São Francisco , Brasil

Arlindo Manuel Esteves Rodrigues, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP

Doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Luis Eduardo Waldemarin Wanderley, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, Livre Docente em Educação pela Universidade de São Paulo. Colaborador no Centre National de la Recherche Scientifique, CNRS, França e Pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Referências

ABENSOUR, M. Benjamin. In: RIOT-SARCEY et. alli. Dictionnaire des Utopies. Paris: Larousse, 2002.

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

ASSMANN, H.; HINKELAMMERT, F. A idolatria do mercado. Petrópolis: Vozes, 1989.

BENJAMIN, W. Paris, capitale du XIXe siècle: le livre des passages. 3.éd., Paris: CERF, 2009.

______. Teses sobre o Conceito de História. In: LÖWY, M. Walter Benjamin: aviso de incêndio. São Paulo: Boitempo, 2005.

______. Critique et Utopie. Paris: Rivages Poche, 2012.

______. Capitalismo como Religião. São Paulo: Boitempo, 2013.

BENSAÏD, D.; LÖWY, M. Marxismo, modernidade e utopia. São Paulo: Xamã, 2000.

BENSAÏD, D. Walter Benjamin, sentinelle messianique. Paris: Plon, 1990.

BLOCH, E. L’Esprit de l’utopie. 2. ed. revisada (1923)., Paris: Ed. Gallimard, 1977.

______. O Princípio Esperança. v.1. Rio de Janeiro: EDUERJ/Contraponto, 2005.

COELHO, A. S. Capitalismo como religião: uma crítica a seus fundamentos mítico-teológicos. 281f. 2014. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) – Faculdade de Humanidades e Direito, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014.

DIANTEILL, E.; LÖWY, M. Sociologías y religión. Buenos Aires: Manantial, 2009.

DUSSEL, E. Ética da Libertação. Petrópolis: Vozes, 2000.

______. Política de la liberación: história mundial y crítica. Madrid: Trotta, 2007.

GAUCHET, M. Le Désechantement du monde: une histoire politique de la religion. Paris: Gallimard, 1985.

GOLDMANN, L. Le Dieu Caché. Paris: PUF, 1959.

HERVIEU-LÉGER, D. La Religion pour Mémoire. 2.éd., Paris: CERF, 2008.

______; AZRIA, R. (Org.) Dictionnaire des faits religieux. Paris: PUF, 2010.

HINKELAMMERT, F. J. Crítica à razão utópica. São Paulo: Paulinas, 1986.

________ Hacia una crítica de la razón mítica. México: Editorial Dríada, 2008.

______. Entrevistas. In: NADAL, E.; SILNIK, G. Teología profana y pensamiento crítico. Buenos Aires: CLACSO, 2012.

IOGNA-PRAT, D. Cristianisme. In: RIOT-SARCEY et alli. Dictionnaire des Utopies. Paris: Larousse, 2002.

JAMESON, F. Marxismo e Forma. São Paulo: Hucitec, 1985.

LÖWY, M. Redenção e Utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

______. Marxismo e Teologia da Libertação. São Paulo: Cortez, 1991.

______. Cristianismo de libertação: religião e política na América Latina. 2. ed., São Paulo: FPA/Expressão Popular, 2016.

______. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen: marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. 7. ed., São Paulo: Cortez, 2000b.

______. Judeus heterodoxos: messianismo, romantismo, utopia. São Paulo: Perspectiva, 2012.

MANNHEIM, K. Ideologia e utopia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1968.

MORE, T. A Utopia. Tradução Luís de Andrade. São Paulo: Folha, 2010.

RICOEUR, P. L’Idéologie et l’utopie. Paris: Seuil, 1997.

RIOT-SARCEY et alli. Dictionnaire des Utopies. Paris: Larousse, 2002.

SUNG, J. M.; MÍGUEZ, N.; RIEGER, J. Para além do espírito do Império: novas perspectivas em política e religião. São Paulo: Paulinas, 2012.

VINCENT, J.M. Bloch. In: RIOT-SARCEY et alli. Dictionnaire des Utopies. Paris: Larousse, 2002.

WILLAIME, Jean-Paul. Idéologie et utopie. Ricoeur et Löwy lecteurs de Mannheim. In: DIANTEILL; DELECROIX. Cartographie de l’utopie. Paris: Sandre Actes, 2011.

Downloads

Publicado

2018-08-30

Como Citar

COELHO, A. S.; RODRIGUES, A. M. E.; WANDERLEY, L. E. W. Utopia como potencial crítico da Modernidade Capitalista. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 32, n. 65, p. 817–844, 2018. DOI: 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v32n65a2018-15. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/40592. Acesso em: 16 abr. 2024.