Sobre o lugar da argumentação na Filosofia como disciplina

Autores

  • Patrícia Del Nero Velasco UFABC

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v31n61a2017-p517a538

Palavras-chave:

Argumentação, Filosofia, Ensino de Filosofia

Resumo

[1] As ideias apresentadas neste artigo foram desenvolvidas no âmbito do LaPEFil - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Filosofia (CNPq/UFABC) e são parte dos resultados do projeto de pesquisa Sobre o lugar da argumentação lógica na Filosofia: subsídios teóricos e metodológicos para o Ensino Médio (Edital Universal - MCTI/CNPq Nº 14/201; processo 447610/2014-7).

Sobre o lugar da argumentação na filosofia como disciplina

Resumo: Nos dispositivos legais que orientam a Educação Básica brasileira, atribui-se às competências argumentativas um papel central no ensino filosófico. O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o lugar da argumentação na Filosofia como disciplina escolar. Defende-se que, embora imprescindível, o exercício argumentativo não encerra suficientemente a atividade filosófica, constituída também por problematização, reflexão e conceitualização. Por conseguinte, torna-se necessário recolocar o papel da argumentação na Filosofia (e em seu ensino) sob outra perspectiva, a saber, como uma das fundamentações desta última. A despeito da impossibilidade de identificação da Filosofia, exclusivamente como discurso argumentativo, sustenta-se que o fomento de práticas argumentativas em sala de aula pode contribuir tanto com o desenvolvimento da criticidade quanto com a criatividade e a civilidade.
Palavras-chave: Argumentação; Filosofia; Ensino de Filosofia.

About the place of argumentation in philosophy as discipline

Abstract: According to the legal documents that guide the Brazilian Basic Education, the purpose of the discipline Philosophy is to promote an enhancement of the argumentative use of the language. This paper aims to reflect about the place of argumentation in the discipline of Philosophy in Secondary Education. It is argued that Philosophy is not restricted to the argumentative discourse, because it is also constitued of problematization, reflection and conceptualization. Therefore, it is necessary to think the role of argumentation in Philosophy (and in its teaching) as one of the philosophical fundaments. Despite this, it’s argued that the promotion of argumentative practices in the classroom contribute to the develop of criticality, creativity and civility.
Keywords: Argumentation; Philosophy; Philosophy Teaching.

Du lieu de l’argumentation dans la philosophie comme discipline

Résumé: Selon les dispositions légales qui guident l’éducation de base brésilienne, les compétences argumentatives ont un rôle central dans l’enseignement philosophique. Cet article vise à réfléchir sur le lieu de l’argumentation dans la philosophie en tant que discipline scolaire. On fait valoir que bien que essentiel, la philosophie n’est pas limitée au discours argumentatif, car elle est également constituée de problématisation, de réflexion et de conceptualisation. Par suite, il devient nécessaire de remplacer le rôle de l’argumentation dans la philosophie (et dans son enseignement) d’un autre point de vue, à savoir, comme l’un de ses fondements. Malgré la impossibilité d’identifier la Philosophie exclusivement avec le discours argumentatif, on soutient que favoriser les pratiques argumentatives dans la salle de classe contribue au développement de la criticité, de la créativité et de la civilité.
Mot-clés: Argumentation; Philosophie; Enseignement de la philosophie.

Data de registro: 05/11/2015

Data de aceite: 18/01/2017

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Patrícia Del Nero Velasco, UFABC

Doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Referências

ARISTÓTELES. Tópicos. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. – (Os pensadores).

BARWISE, Jon; ETCHEMENDY, John. The Liar. An essay on truth and circularity. New York: Oxford University Press, 1987.

BERNARDO, Gustavo. Educação pelo argumento. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

BRAGA, Rubem. Aula de Inglês. In: ______. Os melhores contos de Rubem Braga. Seleção de Davi Arrigucci Jr. São Paulo: Global, 1997.

BRASIL-MEC/INEP. Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM 2013.

Brasília: Ministério da Educação/ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2013. Disponível em: ˂http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=310+enen.br˃. Acesso: 17 jul. 2015.

BRASIL-MEC/SEB. Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Ciências Humanas e suas Tecnologias (vol. 3). Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica, 2006. Disponível em: ˂http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_03_internet.pdf br˃. Acesso: 17 jul. 2015.

BRASIL-MEC/SEMT. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Bases Legais. Brasília: Ministério da Educação/Secreta-ria de Educação Média e Tecnológica, 2000a. Disponível em: ˂http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf˃. Acesso: 17 jul. 2015.

_______. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2000b. Disponível em: ˂http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf˃. Acesso: 17 jul. 2015.

_______. Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2002. Disponível em: ˂http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasHumanas.pdf˃. Acesso: 17 jul. 2015.

BRETON, Philippe. Argumentar em situações difíceis: o que fazer diante de um público hostil, de comentários racistas, de assédio, de manipulação, de agressão física e de violência sob qualquer forma? Tradução de Sonia Augusto. Barueri: Manole, 2005.

BRUCE, Michael; BARBONE, Steven. Os 100 argumentos mais importantes da Filosofia Ocidental. Tradução de Ana Lucia da Rocha Franco. São Paulo: Cultrix, 2013.

CARRILHO, Manuel Maria. Verdade, suspeita e argumentação. Lisboa: Editorial Presença, 1990.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O que é a filosofia? Tradução de Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

GRÁCIO, Rui Alexandre. Com que é que se parece uma argumentação? Representações sociais do argumentar. Comunicação e Sociedade, v. 16, 2009, p. 101-122. https://doi.org/10.17231/comsoc.16(2009).1033

LEITÃO, Selma. O lugar da argumentação na construção do conhecimento em sala de aula. In: LEITÃO, Selma; DAMIANOVIC, Maria Cristina (Org.). Argumentação na escola: o conhecimento em construção. Campinas: Pontes Editores, 2011, p. 13-46.

MACFARLANE, John Gordon. What does it mean to say that logic is formal? 328 f. Tese (Doutorado em Filosofia). University of Pittsburgh, Pittsburgh, 2000.

MORTARI, Cezar. Introdução à lógica. São Paulo: Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. https://doi.org/10.7476/9788539303199

MURCHO, Desidério. O lugar da lógica na filosofia. Lisboa: Plátano, 2003.

_______. A natureza da filosofia e seu ensino. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 22, n. 44, 2008, p. 79-99.

NOLT, John; ROHATYN, Dennis. Lógica. Tradução de Mineko Yamashita; revisão técnica de Leila Zardo Puga. São Paulo: McGraw-Hill, 1991. (Coleção Schaum)

PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: a nova retórica. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

PORCHAT PEREIRA, Oswaldo. Prefácio a uma Filosofia. Discurso, São Paulo, n. 5, 1975, p. 9-24. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.1975.37783

_______. A filosofia e a visão comum do mundo. Brasília: Brasiliense,1981.

PORTA, Mario Ariel González. A filosofia a partir de seus problemas. São Paulo: Edições Loyola, 2002.

RODRIGO, Lidia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio. Campinas: Autores Associados, 2009. (Coleção Formação de Professores)

TOULMIN, Stephen Edelston. Os usos do argumento. Tradução de Reinaldo Guarany. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

VELASCO, Patrícia Del Nero. Educando para a Argumentação: contribuições do ensino da lógica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. (Coleção Ensino de Filosofia)

_______. Argumentação, pensamento crítico e ensino de filosofia: (im)precisões conceituais. In: CARVALHO, Marcelo; BENEDITO DE ALMEIDA JR, José. Filosofia e Ensinar Filosofia. Coleção XVI Encontro ANPOF: ANPOF, 2015, p. 224-236.

WALTON, Douglas. Lógica informal: manual de argumentação crítica. Tradução de Ana Lúcia R. Franco e Carlos A. L. Salum. São Paulo: Martins Fontes, 2006. (Coleção Biblioteca Universal).

Downloads

Publicado

2017-04-27

Como Citar

VELASCO, P. D. N. Sobre o lugar da argumentação na Filosofia como disciplina. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 31, n. 61, p. 517–538, 2017. DOI: 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v31n61a2017-p517a538. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/32175. Acesso em: 26 maio. 2024.