Pós-verdade, fake news e outras drogas

vivendo em tempos de informação tóxica

Autores

  • Valéria Cristina Lopes Wilke Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.21728/logeion.2020v7n1.p8-27

Palavras-chave:

Informação tóxica, Pós-verdade, Fake news, Ambiente informacional tóxico, Discursos de ódio

Resumo

O advento da sociedade em rede promoveu mudanças significativas na experiência-com-o-mundo. Observa-se nos últimos anos a crescente toxidade no ambiente informacional, marcado tanto pela vivência tóxica da informação que circula legalmente nas redes sociais como por informações que intoxicam os indivíduos e grupos. O objetivo é discutir, em tempos de pós-verdade e da sociedade non-stop, o aspecto tóxico da informação, que ao tornar o ambiente informacional tóxico, adoece indivíduos e também as sociedades democráticas, ao esmaecer a empatia para com os demais e de pôr em risco a própria ideia de democracia e de vida partilhada de modo democrático. A proposta é discutir a intoxicação pela informação não pelo excesso (infoxicação), mas pelo que nomeio informação tóxica, i.e., o aspecto tóxico da informação e de ambiente informacional tóxico tendo como referência os discursos de ódio. Para tanto serão consideradas a desconstrução de experiências de estados democráticos mediante o crescimento da circulação de discursos de ódio e de discursos de ódio fascistas; o crescimento da desinformação; o crescimento da circulação de notícias fraudulentas (Fake news) e de notícias falsas (por exemplo, as não endossadas pelos saberes científicos, como o terraplanismo, a ideia da supremacia branca); os robots e os algoritmos.

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Biografia do Autor

  • Valéria Cristina Lopes Wilke, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    Professora Associada do Departamento de Filosofia da UNIRIO. Doutora em Ciência da Informação.

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Publicado

13/09/2020

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Pós-verdade, fake news e outras drogas: vivendo em tempos de informação tóxica. Logeion: Filosofia da Informação, Rio de Janeiro, RJ, v. 7, n. 1, p. 8–27, 2020. DOI: 10.21728/logeion.2020v7n1.p8-27. Disponível em: https://revista.ibict.br/fiinf/article/view/5427.. Acesso em: 27 maio. 2024.

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