Abstract
Against expectations, Kierkegaard turns out to have sometimes been a phenomenologist. Specifically in his "Edifying Discourses," though perhaps elsewhere, one finds a style of thinking and the interpretive rigor both close to some features of Husserlian and Heideggerian thought, and more capable of handling religious phenomena. Where is a matter of purity of heart and willing one thing, it is of course a matter of desire. One may read the first of the "Edifying Discourses" as a phenomenological approach to various modalities of Christian life - the paradoxical, the enigmatic, and the oblique - by which what cannot be contained solely within being and appearing nonetheless enters there and upsets its conventions. But to pass from Husserl and Heidegger to Kierkegaard is to arrive at a perspective from which the security of the starting point is no longer evident. /// Ao contrário daquilo que normalmente se espera, Kierkegaard revela-se frequentemente um verdadeiro fenomenólogo. Particularmente nos seus "Discursos Edificantes", ainda que talvez noutros lugares também, podemos encontrar um estilo de pensar e o rigor interpretativo próximos de algumas características do pensamento quer de Husserl quer de Heidegger, e capaz de lidar com fenómenos de índole religiosa. Ora onde quer que se trate da pureza do coração e de querer apenas uma coisa, o assunto tem a ver com desejo. Nesse sentido, o autor do artigo sugere uma leitura do primeiro dos "Discursos Edificantes" como sendo uma abordagem fenomenológica a diversas modalidades da vida cristã - a paradoxal, a enigmática, e a oblíqua - mediante as quais aquilo que não pode ser contido apenas dentro do ser e do aparecer, contudo, aí aparece e subleva as suas convenções. Mas passar de Husserl e Heidegger para Kierkegaard, diz o autor, é chegar a uma perspectiva a partir da qual a segurança do ponto de partida não é mais evidente.