Abstract
Como um fato histórico, Hegel e Schopenhauer defenderam um conjunto de idéias que, em geral, são consideradas como irremissivelmente antagônicas e claramente irreconciliáveis. Este artigo visa a mostrar que a controvérsia real entre Hegel e Schopenhauer assenta, paradoxalmente, num certo fundamento comum de intuições básicas atinentes às relações entre Vida e Conceito, apesar de discordarem em aspectos mais específicos do problema. Os conceitos serão considerados por ambos os filósofos, não como estruturas plenamente objetivas, mas como entidades animadas, interna e formalmente, por uma certa espécie de "vitalidade". A discordância real e profunda no pensamento filosófico de Hegel e Schopenhauer repousa, em última análise - tal é minha posição - nas diferenças do modo peculiar de compreender e desenvolver essa "vitalidade de conceitos", formal e interna, concebida como negatividade ou como uma espécie de configuração de vontade.