Abstract
Nosso objetivo com este artigo é apresentar a interculturalidade crítica como ferramenta pedagógica que deve ser central na constituição dos cenários e contextos em Educação Infantil. Utilizamos referenciais teóricos de outros estudiosos da interculturalidade e da Educação Infantil, como Candau, Sarmento, Walsh, Tomazzeti, Santiago, Akkeri e Marques, entre outros. Situamos a Educação Infantil enquanto etapa fundamental na formação ética e intercultural das crianças, pensando a função social da educação como formação para a democracia. O trabalho pedagógico com as diferenças culturais na Educação Infantil é amparado legalmente pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e por outras políticas de identidade, como a Lei 11.645 de 2008, que institui a obrigatoriedade do ensino de cultura e história indígena e afro-brasileira desde a Educação Infantil. No entanto, essas legislações também são confrontadas por interesses neoliberais que invadem as políticas educacionais. Diante disso, apresentamos algumas possibilidades e desafios para a construção de práticas interculturais nessa etapa da escolarização, incluindo algumas discussões sobre práticas cristalizadas, preconceitos e discriminações, formação de professores, o professor da infância enquanto pesquisador reflexivo, a monocultura do saber, os currículos e a diferença como vantagem pedagógica. Como conclusão, apontamos que um dos principais desafios da educação na atualidade é construir práticas e contextos que tratem as diferenças desde um viés político, visando a construção de uma sociedade mais democrática, considerando o direito à diferença. Construir práticas interculturais na Educação Infantil significa abrir mão da monocultura do saber, da homogeneização em favor da heterogeneidade, do epistemicídio pela construção de outras alternativas de pensamento. Palavras-chave : Interculturalidade crítica. Educação da infância. Diferenças culturais.