Abstract
Objetivo deste artigo é discutir a recepção fichteana do mesmerismo e avaliar criticamente a interpretação fichteana do rapport como instrumento para desenvolver uma reflexão em torno das condições de possiblidade para a elevação ao ponto de vista transcendental. A minha tese é que Fichte opera uma assimilação seletiva do magnetismo animal, mas recusa os seus elementos fundamentais. Em especial Fichte explora a possibilidade de entender a Wisseschaftslehre como uma abordagem filosófica que pretende superar os limites que definem a concretude do sujeito. Porém, em reestruturar e repensar a abordagem do magnetismo animal como forma de interação linguística, ele se aproxima as modernas concepções da magia como pontenciamento da liberdade e da performance humana.Para demonstrar esta tese irei fornecer uma problematização da estrutura da magia entre época moderna e contemporânea a partir do problema da comunicação ; situar neste contexto a reflexão fichteana sobre a estrutura da doutrina da ciência como saber incomunicável ; problematizar a recepção fichteana do mesmerismo no Diário sobre o magnetismo animal de 1813 ; aplicar os resultados desta problematização na leitura da reflexão fichteana acerca da relação entre percepção e atenção nas lições sobre os Tatsachen des Bewusstseins de 1811.