Abstract
O pensamento do filósofo britânico Michael Oakeshott é frequentemente recrutado no debate entre conservadorismo e posições progressistas, no qual algumas de suas distinções e explicitações são postas a serviço da crítica a determinados aspectos dessa última. Um de seus principais movimentos argumentativos consiste em apontar que posições políticas fundamentalmente revolucionárias pressupõem certa concepção de racionalidade que, por sua vez, estaria em desacordo com uma visão clássica acerca da faculdade intelectiva humana ao mesmo tempo em que privilegia tal concepção em relação a outras esferas da experiência humana. No entanto, embora usual, tal reconstrução não apenas não faz justiça aos objetivos e à argumentação de Oakeshott, como parece ignorar uma compreensão mais genuína do racionalismo nos séculos XVII e XVIII. Assim, o objetivo deste artigo é explorar a argumentação de Oakeshott tal qual exposta na seção III de seu Rationalism in Politics a fi m de, simultaneamente, precisar seus objetivos e colocá-los em perspectiva em relação à gênese histórico-temática do racionalismo.