Abstract
Na correspondência entre Leibniz e Clarke, uma das mais famosas do século XVIII, os dois filósofos discutem tópicos ligados à física, à metafísica e à teologia. A argumentação de Leibniz baseia-se em três princípios bem conhecidos da sua filosofia, o princípio do melhor, o princípio de identidade dos indiscerníveis e o princípio de razão suficiente (PRS). Este último ocupa lugar de destaque, não só porque a maior parte dos tópicos abordados surge de uma discussão acerca do significado do PRS enquanto aplicado às acções de Deus, mas também porque é dele que Leibniz deriva o princípio de identidade dos indiscerníveis, e mostra que o espaço e o tempo não podem ser absolutos. Clarke reconhece a importância do PRS, mas a sua interpretação do princípio difere da de Leibniz, e a sua concepção da realidade encontra-se fundada no que considera ser o verdadeiro sentido do PRS. Dada a importância que o PRS tem na correspondência, procuramos pôr em evidência as duas linhas de argumentação que se baseiam nele e identificar os problemas que lhe estão associados.