Odeere 3 (6):198 (
2018)
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Abstract
Mesmo diante do violento processo de desterritorialização vivido pelas inúmeras comunidades africanas no contexto da dominação colonial europeia, práticas e saberes ancestrais foram ressignificados e reelaborados de forma a impregnar o tecido social das culturas negras das Américas. Nesta perspectiva, este artigo insere-se em um conjunto de reflexões que visam exaltar a importância da preservação de memórias afrodiaspóricas no Brasil. Para tanto, particulariza-se um território negro no município de São Paulo, o bairro da Casa Verde na zona norte da cidade. Com base na História oral e na pesquisa de campo, o objetivo central da presente pesquisa é sugerir possíveis traduções acerca da presença e permanência de ancestralidades negro-africanas na urbe paulistana a partir das narrativas compartilhadas e dos trabalhos de memória de Lucinda de Oliveira Marcelino. A colaboradora/narradora é filha de uma das fundadoras da Irmandade de São Benedito da Casa Verde, inaugurada em 1941. O acesso às memórias reconstruídas de Dona Lucinda permitem sinalizar a presença de práticas ancestrais marcadas por cosmovisões herdadas e protagonizadas por mulheres. Tais concepções constroem identidades afirmadas que singularizam as experiências negras na metrópole, expressando valores civilizacionais e extraocidentais comunitários fundamentais à humanidade. Palavras-chave: Casa Verde; Protagonismos femininos; Irmandades negras; Práticas ancestrais; Territórios afrodiaspóricos.