A irredutibilidade do conceito de confiança na epistemologia do testemunho

Conjectura: Filosofia E Educação 21 (3):496-513 (2016)
  Copy   BIBTEX

Abstract

Confiança é um conceito indispensável quando pensamos o ser humano interagindo com outros sujeitos, pois auxilia-nos a pensar a ordem política e a cooperação social. Mas está longe de possuir uma definição única. A procura por uma definição mostrou-nos ser necessário retornar às origens do conceito, na busca por compreender seu uso em Epistemologia. Na Filosofia Moral estabelece-se uma distinção entre duas formas de confiar: 1) a confiança, que se caracteriza por ser uma relação interpessoal mais profunda, a qual envolve boa vontade e vulnerabilidade; 2) a fiabilidade, um tipo de confiança mais básica no funcionamento do mundo e das coisas. O conceito de confiança torna-se relevante em Epistemologia quando passamos a considerar a transmissão de conhecimento por testemunho. A principal questão é quando podemos confiar em outras pessoas para adquirir conhecimento com base em seus atos de fala. A fim de compreender a sua utilização em Epistemologia precisamos analisar o uso do conceito na Filosofia Moral. Sendo assim, expomos o conceito de confiança moral e avaliamos a possibilidade de uma redução em Epistemologia. Entretanto, notamos que os aspectos morais não contribuem para o cenário epistêmico. A redução não é possível, pois confiança moral pressupõe aceitação do risco, a tentativa de eliminar os riscos através de reflexão racional enfraquece a atitude de confiança. Além do mais, confiança nos faz resistentes a evidências, e em Epistemologia é errado negligenciar evidências. Defendemos que, por parcimônia, deve-se utilizar apenas fiar-se, um conceito já estabelecido na literatura epistemológica. A consideração dos aspectos morais da confiança se faz importante justamente para identificação do problema. O conceito de confiança não pode contribuir para o debate, pois não desempenha um papel epistêmico. Já o conceito de fiar-se pode ser utilizado em Epistemologia do Testemunho, assim como vêm sendo utilizado em outros debates epistemológicos. Palavras-chave: Confiança epistêmica. Confiança moral. Fiabilidade. Relações interpessoais. Testemunho.

Links

PhilArchive



    Upload a copy of this work     Papers currently archived: 90,221

External links

  • This entry has no external links. Add one.
Setup an account with your affiliations in order to access resources via your University's proxy server

Through your library

Similar books and articles

O problema da objetividade.Donald Davidson - 2013 - Skepsis: A Journal for Philosophy and Interdisciplinary Research 6 (9):141-159.
Confiar para conviver.Antonio Carlos Ribeiro - 2009 - Horizonte 7 (15):185-190.
O Conceito de Pessoa.Maria Clara Dias - 1996 - Discurso 27 (1):181-199.
O viés político da tese de Arendt sobre Agostinho.Rodrigo Ponce Santos - 2015 - Revista de Filosofia Moderna E Contemporânea 2 (2):89-106.
Filosofia da amizade: uma proposta.Konrad Utz - 2008 - Ethic@ - An International Journal for Moral Philosophy 7 (2):151-164.

Analytics

Added to PP
2016-09-07

Downloads
4 (#1,420,104)

6 months
1 (#1,027,696)

Historical graph of downloads
How can I increase my downloads?

Citations of this work

No citations found.

Add more citations

References found in this work

Trust and antitrust.Annette Baier - 1986 - Ethics 96 (2):231-260.
Trust as an affective attitude.Karen Jones - 1996 - Ethics 107 (1):4-25.
Deciding to trust, coming to believe.Richard Holton - 1994 - Australasian Journal of Philosophy 72 (1):63 – 76.
Trust as a Commodity.Partha Dasgupta - 1988 - In Diego Gambetta (ed.), Trust: Making and Breaking Cooperative Relations. Blackwell. pp. 49-72.

Add more references