Abstract
O texto pretende dar-nos conta da evolução do liberalismo em Portugal centrando-se no confronto histórico entre duas concepções de ordenação da sociedade. Um confronto entre dois modelos-tipo de liberalismo – “francês” ou racionalista e “inglês” ou clássico – que, embora atravesse a história europeia, teve particular eco em Portugal.É a partir deste contraste, antecipado por Alexandre Herculano, que se procura compreender o por quê de durante quase dois séculos o nosso liberalismo ter sido vítima fácil da luta entre dois pólos autoritários e centralistas, dado que quase todos – apesar das diferenças entre reaccionários e progressistas, conservadores e socialistas – concordavam no uso do poder do Estado como determinante principal das suas políticas. Trata-se, afinal, de uma outra forma de nos interrogarmos sobre se terá havido “pensamento liberal” ou mesmo “revolução liberal” em Portugal.