Conjectura: Filosofia E Educação 23 (2):363-382 (2018)
Abstract |
A filosofia política de Philip Pettit realiza a leitura normativa da matriz republicana de pensamento político. Na sua construção historiográfica e normativa do significado do republicanismo é reafirmada a centralidade da liberdade como não-dominação. Pettit mantém o intuito de releitura da cidadania republicana como sendo inclusivista e que possui o cunho de realidade política em sua notória preocupação com a condição social dos cidadãos. O republicanismo apregoa que a liberdade como não-dominação é o princípio necessário para avaliação de qualquer organização social e política. Esse princípio não se constitui como valor apriorístico da teoria política porque as relações não-dominadas serão compreendidas em suas diferentes formas e contextos. No âmbito social, ela exigirá que as relações entre indivíduos sejam justas e que não haja motivo para que se tenha medo ou deferência perante as diferenças econômicas ou sociais. A liberdade como não-dominação poderá oferecer os recursos sociais necessários para que não se tenha as relações assimétricas de capacidade de influência e escolha na sociedade política. No âmbito político, a liberdade republicana será representada pela capacidade dos cidadãos de influenciar e direcionar as decisões dos representantes políticos. Por isso, iremos abordar os elementos políticos necessários para a contenção da dominação pública. No âmbito político democrático, a oportunidade de participação política, a discussão das desvantagens sociais e políticas e as formas de contenção da dominação pública serão mecanismos para a diminuição da dominação pública. O exercício da contestação e o controle popular podem ser os mecanismos políticos para a saída da forma minimalista de compreender a ação política como realização das preferências individuais e significa a possibilidade de realização do ideal de bem comum pelo procedimento discursivo de formação da opinião e da vontade política. O debate e a contestação se constituem como o ambiente para o entendimento sobre as normas comuns que alicerçam a comunidade política. Nesse sentido, o modelo republicano de democracia prioriza o exercício dos direitos básicos políticos como sendo a ferramenta para a formação da vontade política. Além disso, ele salienta a atitude contestatória dos cidadãos perante as formas injustificadas de desigualdades de tratamento. A democracia republicana possibilita o compartilhamento dos direitos políticos entre os cidadãos e incentiva que eles exerçam o controle popular sobre as decisões governamentais. Palavras-chave: Republicanismo. Democracia. Contestação. Philip Pettit.
|
Keywords | No keywords specified (fix it) |
Categories |
No categories specified (categorize this paper) |
DOI | 10.18226/21784612.v23.n2.8 |
Options |
![]() ![]() ![]() |
Download options
References found in this work BETA
No references found.
Citations of this work BETA
No citations found.
Similar books and articles
O modelo liberal e republicano de liberdade: uma escolha disjuntiva?Cesar Augusto Ramos - 2011 - Trans/Form/Ação 34 (1):43-66.
Direitos humanos e dignidade política da cidadania em Hannah Arendt.Iara Lucia Mellegari & Cesar Augusto Ramos - 2011 - Princípios 18 (29):149-178.
Elementos da Liberdade Republicana Em John Locke.Rodrigo Ribeiro de Sousa - 2018 - Cadernos Espinosanos 38:171-188.
Ocaso da sociedade civil E de seus movimentos: Sobre a perda de efetividade da cidadania politica nas democracias o-cidentais.Leno Francisco Danner - 2010 - Philósophos - Revista de Filosofia 15 (2):103-127.
O Conceito de Liberdade E Suas Implicações Políticas. Notas Sobre Sidney, Locke E a Tradição Republicana.Christopher Hamel - 2018 - Cadernos Espinosanos 38:127-150.
O conceito de liberdade em Paley E o eclipse do republicanismo.Rogério Antônio Picoli - 2013 - Cadernos de Ética E Filosofia Política 22:141-158.
Política, Democracia e Justiça: o que pode o povo com uma Justiça que se assemelha à Artêmis? // DOI: 10.18226/21784612.v22.n3.7. [REVIEW]Ester Maria Heuser - 2017 - Conjectura: Filosofia E Educação 22 (3):517-535.
Estado, Democracia e Sujeito de direito: para uma crítica da política contempor'nea.Oswaldo Giacoia Junior - 2015 - Revista de Filosofia Moderna E Contemporânea 2 (2):49-61.
Razão e Democracia — Uso Público da Razão e Política Deliberativa em Habermas.Denilson Luis Werle - 2013 - Trans/Form/Ação 36 (1).
Democracia por sorteo en las nuevas formaciones políticas: Un debate con rastros de la teoría política clásica y contemporánea.Ramón A. Feenstra - 2017 - Daimon: Revista Internacional de Filosofía 72:205-219.
Participação e liberdade política em Hannah Arendt.Yara Adario Frateschi - 2007 - Cadernos de Filosofia Alemã 10:83-100.
Nulidad democrática y coacción política: el desacato popular.Álvaro B. Márquez Fernández & Zulay C. Díaz Montiel - 2010 - Revista de Filosofía (Venezuela) 64 (1):7-23.
A Cooriginariedade Entre Direitos Humanos e Soberania Popular: a Crítica de Habermas a Kant e Rousseau.Luiz Repa - 2013 - Trans/Form/Ação 36 (1):103-120.
Discursos religiosos e sociedade democrática.Alberto Paulo Neto & Ildo Perondi - 2017 - Horizonte 15 (47):828-854.
Uma Objeção Hobbesiana à Liberdade como Não-Dominação e ao Governo das Leis: Pettit Entre Liberdade Positiva e Liberdade Negativa.Delamar José Volpato Dutra - 2014 - Revista Portuguesa de Filosofia 70 (2-3):511-538.
Analytics
Added to PP index
2018-09-02
Total views
21 ( #531,949 of 2,499,201 )
Recent downloads (6 months)
1 ( #419,059 of 2,499,201 )
2018-09-02
Total views
21 ( #531,949 of 2,499,201 )
Recent downloads (6 months)
1 ( #419,059 of 2,499,201 )
How can I increase my downloads?
Downloads