Abstract
Este ensaio considera a obra poética de Francis Ponge a partir do debate entre dois movimentos teóricos: a fenomenologia e o formalismo. A partir de certa chave de interpretação proveniente da linguística estrutural, a fenomenologia não constitui um referencial teórico válido para a obra de Francis Ponge. Considerando o teor das críticas à fenomenologia provenientes do estruturalismo, este ensaio explora algumas iniciativas de respostas motivadas pela fenomenologia de Merleau-Ponty. A partir do nó górdio ou elo intrínseco entre as palavras e as coisas, nota-se que ambos os movimentos teóricos participam da composição poética do autor de O Partido das Coisas. Ao rebater as críticas do formalismo, a fenomenologia ganha um papel constitutivo na composição poética. Trata-se de explorar uma alternativa válida e conciliadora entre a fenomenologia e o formalismo.