Os limites da percepção interna e a idolatria do autoconhecimento em Scheler

Revista de Filosofia Aurora 31 (53) (2019)
  Copy   BIBTEX

Abstract

O artigo pretende discutir a possiblidade da percepção interna, delimitando-a do compreender da pessoa, que pode ser tanto compreensão do próximo como autocompreensão. Do mesmo modo, a percepção interna poder ser a percepção de si mesmo como percepção do outro. Parte-se, portanto, de uma indicação recorrente na fenomenologia de Scheler, de acordo com a qual a percepção interna não pode ser reduzida à autopercepção, entendida, sobretudo, no sentido de autoconsciência. Nesta direção, primeiramente, tenta-se uma definição fenomenológica do ato em questão, visando, sobretudo, libertá-lo das determinações idealistas enquanto autoconsciência e das compreensões subjetivistas, tais como a auto-observação e meio de autoconhecimento. Para tanto, demonstra-se que a percepção interna é uma direção de um único ato perceptivo e que o seu objeto não é uma forma lógica pura e vazia, mas sim a apreensão do eu material, concreto e singular. A intuição imediata e direta deste eu, então, aparecerá como a base sobre a qual se rompe com as duas interpretações supracitadas. Por fim, discute-se os elementos internos que contribuem para estes limites, em especial a fisiologia do sentido interno e os interesses do corpo-próprio, o que permite entender positivamente os limites e descrever os seus primeiros significados. A partir deste ganho fenomenológico, a investigação detém-se nos fatores externos, responsáveis por transformar a percepção interna em mero instrumento do autoconhecimento e por subjugá-la às metas e interpretações da cosmovisão natural, analisando brevemente as fontes da idolatria do autoconhecimento. Conclui-se que, na delimitação de sua possibilidade essencial, a desconsideração do papel psicofisiológico do sentido interno, a transladação das leis e relações espaço-temporais próprias da esfera física para a psíquica e, consequentemente, a superposição da percepção externa sobre a interna em consonância com a interpretação sensualista da última são as principais fontes da ilusão denominada idolatria do autoconhecimento.

Links

PhilArchive



    Upload a copy of this work     Papers currently archived: 91,322

External links

Setup an account with your affiliations in order to access resources via your University's proxy server

Through your library

Similar books and articles

A estrutura como logos da experiência pré-reflexiva.Ericson Sávio Falabretti - 2013 - Veritas – Revista de Filosofia da Pucrs 58 (2):371-398.
Sinneswahrnehmug bei Hugo und Bernhard.Ralf Stammberger - 2004 - Revista Portuguesa de Filosofia 60 (3):687-706.
O Autoconhecimento Na Psicologia Empírica De Kant.Clélia Martins - 2001 - Cadernos de História E Filosofia da Ciéncia 11 (2).
Para que precisamos do conteúdo disjuntivo?Ernesto Perini-Santos - 2005 - Philósophos - Revista de Filosofia 10 (2).
Intuição categorial: Um estudo a partir de Heidegger.Marcos Aurélio Fernandes - 2013 - Revista de Filosofia Moderna E Contemporânea 1 (2):76-106.
Uma filosofia da percepção em Platão.Hugo Filgueiras de Araújo - 2014 - Archai: Revista de Estudos Sobre as Origens Do Pensamento Ocidental 13:109-114.
A temporalidade da percepção em Leibniz.Sacha Zilber Kontic - 2016 - Cadernos Espinosanos 34:191-212.
Crença no mundo exterior: Mente e objetividade em Hume.Andrea Cachel - 2013 - Revista de Filosofia Moderna E Contemporânea 1 (2):194-225.

Analytics

Added to PP
2019-09-28

Downloads
9 (#1,214,023)

6 months
4 (#797,377)

Historical graph of downloads
How can I increase my downloads?

Citations of this work

No citations found.

Add more citations