Abstract
O artigo pretende aproximar as ideias protofeministas desenvolvidas pelo filósofo e teólogo francês François Poulain de la Barre (1647-1723) das estratégias de escrita formuladas pelas autoras seiscentistas da assim chamada literatura preciosa, tais como Madeleine de Scudéry (1607-1701) e Madame de Lafayette (1634-1693). Critica, para tanto, a divisão proposta por Elsa Dorlin (1974-) entre o feminismo lógico e a préciosité duplamente: através de uma reflexão mais ampla sobre os limites da separação entre filosofia e literatura e, num segundo momento, a partir da análise direta dos argumentos de Poulain. Procura, assim, demonstrar a associação possível entre a confecção de uma ordem fabulada como procedimento filosófico legítimo e o emprego da imaginação como modelo da produção literária.