Abstract
Durante uma competição que envolveu Lord Byron, Polidori e Percy Shelley, numa prova de quem seria capaz de criar a melhor história de horror, nasce o rascunho de o que conhecemos hoje como Frankenstein. Aprovado e exaltado pela crítica, o novo romance de horrores, que marca o início da segunda fase do gótico, é tido por Walter Scott como uma obra que investiga as condições e implicações do conhecimento e da imaginação humana. Não é novidade que o gênero gótico é tido como uma marca e um local no qual temas marginalizados e silenciados podem ser tratados de forma aberta, os ideais deixados por grandes filósofos como, por exemplo, Bacon e Descartes passam a ser questionados e têm suas implicações levadas às últimas consequências. Frankenstein não foge dessa regra. O romance se distingue por conta da formação do arquétipo do cientista louco, do medo dos avanços científicos e a superação de limites através da artificialidade que são caracterizados, em última instância, no ato de "brincar" de Deus e tentar conferir vida a uma matéria morta. Dito isso, meu objetivo é explorar, em primeiro lugar, de que maneira este romance se posiciona perante os ideais filosóficos (especialmente científicos); em segundo lugar, como recusa tais ideais e, por fim, de que maneira se difere dos romances góticos que o antecedeu.