Abstract
O artigo pretende explanar o conceito de Eros como uma categoria social no pensamento de Herbert Marcuse. Nesse sentido, o erotismo tem um significado político para o autor, pois indica a possibilidade de libertação das formas sociais repressivas. Na primeira seção, faço um breve relato da relação de Marcuse com a psicanálise, anterior a seu contato mais intenso com Freud. Na segunda seção, mostro o caráter essencialmente político e social de Eros, através da reconstrução da teoria marcusiana da mudança social. Em seus escritos, Marcuse também menciona as formas pervertidas de manifestação de Eros, representadas pelo pansexualismo e pelo que ele denomina dessublimação repressiva. Nesse contexto, pretendo discutir o que essas 'perversões' significam. O pansexualismo é analisado em Eros e civilização e em outros escritos da década de 1950 e 1960. Pretendo discutir também se o conceito de pansexualismo se encaixaria ou não na perspectiva libertária que o filósofo quis significar com a politização de Eros. À dessublimação repressiva o filósofo dedica o terceiro capítulo de O homem unidimensional. Da mesma forma, o significado da dessublimação repressiva também será discutido na terceira seção do artigo. Na conclusão, mostro que Marcuse entende que o pansexualismo e a liberação sexual sem tabus não podem ser vistos como libertação política, são apenas formas pernósticas de manifestação de Eros.