Liberdade e angústia em O Conceito de Angústia de Kierkegaard
Abstract
O Conceito de Angústia de Søren Kierkegaard inaugurava o tema da angústia como um assunto de caráter filosófico. Reconhecidamente denso este pequeno tratado do filósofo dinamarquês repercute até hoje encontrando ressonância em pensadores contemporâneos como Heidegger. Em O Conceito de Angústia encontramos vários campos do conhecimento se entrecruzando, desde a psicologia, passando pela teologia e notadamente se encerrando na filosofia, essa estrutura dota-o de uma complexidade impar já que abre flancos para vários caminhos interpretativos. O texto ainda apresenta um forte diálogo crítico com uma dada tradição cristã e demonstra sua filiação a filosofia hegeliana de forma tensa. Este trabalho visa apresentar a relação entre liberdade e angústia presente neste texto. Segundo o dinamarquês a angústia é algo constituinte da natureza humana, e ao mesmo tempo em que joga o indivíduo para um precipício de possibilidades o impulsiona a se tornar singular e responsável pela sua existência concreta. Encontramos ainda uma intensa relação entre os conceitos de pecado, queda, inocência e culpa compreendidos de forma polêmica pelo autor, já que ele faz uma leitura fora dos padrões da filosofia cristã, principalmente aquela consolidada por Agostinho.