Abstract
O artigo analisa o filme Sandino, o último dirigido pelo chileno Miguel Littín no exílio. A narrativa fílmica tenta fazer uma monumentalização do líder revolucionário Augusto César Sandino. No enredo, o protagonista organiza a resistência armada contra os militares norte-americanos em território nicaraguense; porém, com a saída das tropas estrangeiras, o líder foi assassinado a mando de Anastasio Somoza García. Pretendemos analisar o filme de Miguel Littín e verificar de que maneira o enredo está dialogando com um duplo contexto: a crise do « socialismo real » e a transição democrática no Chile. Como hipótese, acreditamos que a película procura uma inspiração revolucionária e antiimperialista nas lutas políticas no passado latino-americano, representadas na atuação de Sandino na resistência armada aos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, Sandino procurou manter viva uma imagem autoritária e antidemocrática das Forças Armadas da América Latina, enquanto a elite política do Chile « negociou » a transição democrática com os militares.