resumo Neste trabalho é analisada a estratégia da exposição de Fichte em seu escrito Sobre o conceito da Doutrina da Ciência e interpretada como indo de encontro a um determinado tipo do ceticismo moderno. Todavia, ao contrário da leitura proposta por Rockmore, que sustenta ser possível considerar toda a epistemologia fichteana dessa época como uma linha de argumentação de cunho pragmático e antifundacionista, defende-se a tese de que Fichte está comprometido desde o início com a tarefa de uma fundamentação última (...) de toda ciência a partir de um primeiro princípio. Esta fundamentação seria levada a cabo mediante uma demonstração indireta que pretende refutar de modo muito original objeções levantadas por Maimon, por Schulze e outros contra a filosofia transcendental de Kant. O mero fato de que Fichte não considerasse este último princípio como passível de demonstração direta não é suficiente para tachar sua estratégia de pragmática. palavras-chave Fichte; Filosofia Transcendental; Pragmatismo; Ceticismo; Fundacionismo. (shrink)
A estratégia de Kant na Refutação do Idealismo consiste em demonstrar a tese de que existem objetos fora da consciência com base no argumento de que ter consciência de meus estados de consciência pressupõe como condição necessária ter consciência de objetos externos no espaço. O meu intuito consiste em mostrar que essa estratégia de Kant não pode funcionar contra Descartes , porque ou ela pressupõe resultados anteriores que o cético já pôs em questão com a própria objeção que Kant quer (...) responder, ou apela a distinções de caráter empírico ou metafísico que o cético não pode nem deve aceitar. Assim mostramos em primeiro lugar que o estatuto do permanente requerido pela prova de Kant é insustentável para a filosofia crítica. A seguir, demonstramos que a prova só poderia servir para provar, na melhor das hipóteses, que este permanente sou eu, que penso, e tenho estados de consciência, porque enquanto penso e tenho a consciência de meus estados sei que sou uma substância pensante, que é o justo o que Descartes defendia e Kant havia criticado nos Paralogismos . Depois examinamos o problema à luz da obscura teoria kantiana do sentido interno e demonstramos que a refutação fracassa em resolver o problema do mundo externo porque Kant não consegue provar ao cético cartesiano, nem ao berkeleyano que pode sair das representações. Defendemos que para a empresa de Kant é vital sair delas, mas o resultado implica oscilar entre a pressuposição da experiência externa objetiva, que está em suspenso pela objeção do cético, o fenomenalismo, e a necessária queda no realismo transcendental. Eis a aporia que Kant enfrenta titanicamente na Refutação do Idealismo: precisa romper com o fenomenalismo do Idealismo Transcendental para que suas teses façam sentido. Mas como isso significa o fim do Idealismo Transcendental, vemos Kant oscilando ambiguamente entre realismo transcendental e solipsismo, ou entre apelar à experiência ou pressupor que objetos são dados; misturando uma teoria causal da percepção comprometida tacitamente com uma epistemologia correspondencialista a uma ontologia fenomenalista comprometida com uma epistemologia coerencialista. (shrink)
o conceito de Idealismo Transcendental e aplicado por Kant para diferenciar 0 conceito tentando mostrar que ele e inseparavel do conceito de fenemeno e do polemico conceito da coisa em-st. Feito isso, evidencia algumas das dificuldades que 0 referido conceito coloca a partir da analise de algumas objecoes "classicas'' levantadas pelo Idealismo Alernao. Palavras-chave: Kant -Idealismo Transcendental -Fenorneno, Coisa Em-si. o empreendimento da Critica da razao Pura dos sistemas idealistas tradicionais. 0 autor analisa.
conceito de fenomeno (Erscheinung) cumpre um papel fundamental na filosofia de Kant. Na Critica da Razáo Pura', constitui a chave que abre todas as portas da filosofia transcendental e as fecha à metafisica tradicional. Isto parece ser urn ponto pacifico para os kantianos e para muitos outros o que, contudo, tem gerado urna ampla polemica é o estatuto de legitimidade deste conceito, sobretudo em funçao de suas implicações. 0 presente texto pretende elucidar algumas dessas implicações à luz dos argumentos de (...) Kant e de objeções que foram levantadas por filosofos e interpretes desde a epoca do Idealismo a Alemáo .Meu intuito é o de evidenciar urn problema. Sugiro que o conceito implica urn paradoxo, mas que este nada se deve imputar a um erro de Kant, e sim a uma dificuldade essencial a todo discurso teorico do ponto de vista de sua fundamentaçáo. (shrink)
A relação de Hegel com o ceticismo está longe de ser clara. A par de existirem alguns poucos trabalhos sobre o assunto, e de Hegel abordar o tema em várias obras, não está bem determinado se Hegel possui uma teoria global sobre o ceticismo ou se apenas é um mero crítico de posturas céticas clássicas na antiguidade e na modernidade. Em que pese Hegel ser um crítico ferrenho do ceticismo moderno (por ex., em textos como Sobre a relação do Ceticismo (...) com a Filosofia, as Preleções sobre História da Filosofia e a Enciclopédia das Ciências Filosóficas), a sua crítica não se restringe a esta ou aquela forma de ceticismo, mas se funda numa teoria geral do saber que compreende o ceticismo como uma atividade negativa constitutiva da consciência e pretende refutá-lo enquanto ele reifica essa negatividade numa pretensão de verdade. A refutação consiste na descrição do modo como o ceticismo filosófico seria um saber parcial, e por isso auto-refutativo. O presente trabalho pretende sugerir que isto ocorre, sobretudo, na Fenomenologia do Espírito, cujo caráter “fenomenológico” propriamente dito não parece poder ser bem compreendido, sem tomar como pano de fundo o problema do ceticismo. PALAVRAS-CHAVE – Hegel. Fenomenologia. Ceticismo. Refutação. ABSTRACT Hegel’s position towards skepticism is far from being clear. On the one hand, there are just a few studies on the subject and Hegel faces the issue in several of his writings; on the other hand, it is not established yet if Hegel has a global theory about skepticism or if he is just a critic of Ancient and Modern skeptical attitudes. In spite of Hegel being known as a sharp critic of Modern skepticism (for example, in works like On the relationship of skepticism to philosophy, Lectures on the history of philosophy and Encyclopedia of philosophical sciences), his criticism is not restricted to specific forms of skepticism, but it is rather founded upon a general theory of knowledge which takes skepticism as a negative activity constitutive of our natural consciousness and intends to refute the skeptical attitude as that negative activity of self-consciousness is reified and turned out into a special kind of truth claim. Hegel’s refutation consists in describing the way philosophical skepticism would be understood as a partial and self-defeating attitude of knowing. The present study suggests that this procedure is to be seen above all in the Phenomenology of Mind, whose “phenomenological” character cannot be rightly understood without taking properly into account the problem of skepticism. KEY WORDS: Hegel. Phenomenology. Skepticism. Refutation. (shrink)
The present paper is to be read as a provisional essay on the essence of Time through the examination of the relationship between the notions of Time and Motion. Key-Words: Time - Puzzle - Motion - Change.