Reconstruiremos a crítica de Olavo de Carvalho à modernidade, à ciência e aos intelectuais públicos, a partir da sua proposta de um dualismo-maniqueísmo ontológico-antropológico sob a forma de autoexclusão de espírito e matéria enquanto representando o drama humano ante o universo e a eternidade, e de uma perspectiva metodológica dinamizada como intuicionismo personalista, privatista, espiritualista e interiorizado, o qual, como postura anti-estrutural e antissistêmica, capacitaria cada indivíduo humano, independentemente de mediações institucionalistas, cientificistas e tecnicistas, a acessar diretamente a Verdade absoluta (...) e a compreender de si por si mesmo a objetividade do mundo e do homem. Em continuidade, explicitaremos exatamente essa correlação, feita por Olavo de Carvalho, entre modernidade, materialismo, ceticismo, relativismo e ideologia, que descamba para uma ciência positivista-perspectivista incapaz de produzir conhecimento objetivo e de gerar princípios e justificação racionais, para o horizonte da história como espaço do ceticismo e do relativismo, para o instrumento da política enquanto dinamizado por ideologias coletivistas e, finalmente, para a ação institucional-social intersubjetiva enquanto anulando o indivíduo. A modernidade como negação da ontoteologia e centralidade de materialismo, ceticismo, relativismo e ideologia, instaura os dois grandes macrossujeitos totalitários hodiernos, conforme Olavo de Carvalho: a academia e o partido de massas. Palavras-Chave: Olavo de Carvalho; Modernidade; Intelectuais Públicos; Materialismo; Ideologia. “Wise according to the flesh”: Olavo de Carvalho’s criticism to public intellectuals: We intend to reconstruct the Olavo de Carvalho’s criticism to modernity, science and public intellectuals, from his proposal of a ontological-anthropological dualism-manichaeism as mutual exclusion between spirit and matter as representing the human drama before universe and eternity, as well as through a methodological perspective streamlined as personalist, privatized, spiritualist and interiorized intuitionism, which, as an anti-structural and anti-systemic posture, would able each individual, independently of institutionalist, scientist and technicist mediations, to directly access the absolute Truth, and to comprehend from himself and by himself the objectivity of world and man. From this, we will explicit exactly this correlation, constructed by Olavo de Carvalho, of modernity, materialism, skepticism, relativism and ideology, which leads to a positivist-perspectivist science unable to produce objective knowledge and to generate rational principles and justification, to the horizon of history as sphere of skepticism and relativism, to the instrument of politics as streamlined by collectivist ideologies, and finally to the institutional-social intersubjective action as annulling the individual. Now, modernity as negation of ontotheology and the centrality of materialism, skepticism, relativism and ideology institutes the two main totalitarian macro-subjects of our time, according to Olavo de Carvalho: academy and mass party. Key-Words: Olavo de Carvalho; Modernity; Public Intellectuals; Materialism; Ideology. “Sabios según la carne”: la crítica de Olavo de Carvalho a los intelectuales públicos Resumen: Proponemos reconstruir la crítica de Olavo de Carvalho a la modernidad, la ciencia y los intelectuales públicos, a partir de su propuesta de un dualismo-maniqueísmo ontológico-antropológico en forma de autoexclusión entre espíritu y materia como representación del drama humano ante el universo y la eternidad, así como de una perspectiva metodológica dinamizada como intuicionismo personalista, privatista, espiritualista e interiorizado, que, como postura antiestructural y antisistémica, permitiría a cada individuo humano, independientemente de las mediaciones institucionalistas, científicas y técnicas, acceder directamente a la Verdad absoluta y comprender por sí mismo la objetividad del mundo y del hombre. En continuidad, trataremos de explicar exactamente esta correlación, hecha por Olavo de Carvalho, entre modernidad, materialismo, escepticismo, relativismo e ideología, que conduce a una ciencia positivista-perspectivista incapaz de producir conocimiento objetivo y generar principios y justificación racionales, para el horizonte de la historia como espacio de escepticismo y relativismo, para el instrumento de la política dinamizado por ideologías colectivistas y, finalmente, para la acción institucional-social intersubjetiva como anuladora del individuo. Ahora bien, la modernidad como negación de la ontoteología y centralidad del materialismo, el escepticismo, el relativismo y la ideología, establece los dos grandes macro-sujetos totalitarios de nuestro tiempo, según Olavo de Carvalho: la academia y el partido de masas. Palabras-Clave: Olavo de Carvalho; Modernidad; Intelectuales Públicos; Materialismo; Ideología. Data de registro: 03/12/2020 Data de aceite: 15/06/2022. (shrink)
In the paper, we will study Olavo de Carvalho’s thought, focusing on his position regarding Brazilian and American Black movement in its struggle for reparation in terms of colonialism-slavery-racism. We will argue that his refusal of any reparatory praxis to political-cultural minorities and his position of a non-place for Black-African traditions in the context of Western culture/civilization, as with respect to his defense of the inferiority of Black-African culture-civilization when compared to Jewish-Christian, Greek-Latin and Medieval-Renaissance tradition, is pervaded by a (...) dualist metaphysics with a highly anti-modern and anti-modernizing character, in which the dynamic of streamlining of “human drama about universe and eternity” is constituted by the struggle between natural necessity and individual consciousness, that can only be won by the correlation of divine grace given by Jesus Christ and personal direct and immediate interiorization and intuition by each individual with God; by the refusal of politics, history and intersubjective action as basically materialism and, in this sense, as the sphere of totalitarian political ideologies ; and, finally, by the centrality of spiritualism, of intimate and direct relation between God and man, mediated by Revelation, which points to the non-existence, in the Olavo de Carvalho’ thought, of objective parameters to rational discussion, interaction and justification – that is the reason of his delegitimation of science, politics, history and macro-structural institutional action, and his appeal to methodological, intuitionist and spiritualist individualism. (shrink)
Defendo, neste artigo, que a atual crise econômica não pode ser entendida nem apreendida consistentemente apenas a partir de sua redução a um déficit interno à estrutura produtivo-financeira, em termos de queda nos padrões de acumulação; na verdade, essa crise é originada de uma crise do poder diretivo em termos de sociedade, que acirra a separação entre as esferas econômica, política e social, a partir da defesa de uma autorreferencialidade do âmbito econômico em relação aos demais, que, por causa disso, (...) são enquadrados pelos imperativos econômicos, tendo solapada sua especificidade normativa e diretiva da evolução da sociedade. Essa crise econômica, assim, agudizou os problemas oriundos da modernização liberal, que efetivamente foi marcada por essa blindagem das esferas econômica, política e social umas em relação às outras. Como consequência, a superação da modernidade liberal, modernidade essa retomada pelo neoliberalismo, somente pode ser feita no momento em que se reafirma o social enquanto horizonte normativo, o político enquanto instância diretiva da evolução social e o econômico enquanto esfera de controle público-estatal e de gestão democrática da produção e da distribuição da riqueza, que o modelo do Estado de bem-estar social representou e representa de maneira exemplar, em termos de ligação e de complementaridade entre tais esferas.: the paper argues that current economic crisis cannot be understood or conceived consistently just since its reduction to an internal deficit into productive-financial structure, as a drop in the standards of accumulation; indeed, this crisis is originated from a crisis in the directive power of society, that intensifies the separation between economic, political and social spheres, since the defense of a self-referentiality of economic scope related with others, which, because that, are framed by economic imperatives, having undermined the normativity and the evolutionary direction of society. So, economic crisis exacerbated the problems legated by liberal modernity, that was characterized by the shielding of economic, political and social spheres to each other. Consequently, overcoming of liberal modernity, that was resumption by Neoliberalism, only can be done when we reiterate the social as horizon of normativity, the political as directive instance of social evolution, and the economical as a sphere of public and state-owned control and democratic management of production and distribution of the wealth, that the model of Welfare State represented and represents exemplarily with its complementarity of those spheres. Keywords: Economic Crisis; Power Crisis; Welfare State; Liberal Modernity. (shrink)
Desenvolveremos dois argumentos. Primeiro: a utilização do dualismo antropológico – modernidade e pré-modernidade, pós-tradicional e tradicional – por parte de filosofias europeias como base da constituição do discurso filosófico-sociológico-antropológico da modernidade-modernização ocidental implica na consolidação de uma compreensão exclusivista da modernidade ocidental como europeização, demarcada pela ideia de que ela é um processo basicamente autônomo, independente, endógeno, autorreferencial, autossubsistente e autossuficiente, sem qualquer relacionalidade com o outro da modernidade, completamente separada dele, bem como na anulação e na deslegitimação dos outros (...) da modernidade como passado antropológico e déficit de modernização ou de racionalização, com a consequente colocação da modernidade europeia como presente autoconsciente, atualidade substantiva e abertura ao futuro. Segundo: a descolonização africana e o pensamento indígena brasileiro, ao desconstruírem esse dualismo antropológico e a deslegitimação dos outros da modernidade como condição pré-moderna e passado evolutivo, rompem o monopólio epistêmico-político moderno de tematização do humano e de justificação do universalismo pós-tradicional, correlacionando-o ao colonialismo e ao racismo estrutural. Enquanto poder originário da/pela diferença, a descolonização africana e o pensamento indígena brasileiro descentralizam e pluralizam as epistemes, as histórias, as alternativas político-normativas e, desse modo, e realizam uma crítica da modernização ocidental desde o lugar de fala das minorias político-culturais. (shrink)
O artigo defende que, desde a segunda metade do século XX, o processo de evolução de nossas sociedades é marcado pela acelerada fusão e pela cada vez mais intensa miscigenação de culturas, que apontam para o enfraquecimento das culturas e das instituições tradicionais por causa da constituição de uma nova cultura, fundida e miscigenada, afirmadora do pluralismo e do individualismo, bases para o universalismo moral. Além disso, nesse mesmo período, a crítica ao modelo de modernização ocidental, que estaria destruindo formas (...) alternativas de sociabilidade, de relação com o mundo e de produção da vida material, passou a dar a tônica da atuação de novos movimentos sociais, grupos culturais e iniciativas cidadãs. Com isso, é possível perceber-se um aspecto político-cultural altamente emancipatório em nossas sociedades, isto é, a desconstrução das culturas e da autoridade das instituições tradicionais, bem como a necessidade de repensar-se o modelo de progresso e de desenvolvimento ocidentais, em favor da democracia, dos direitos humanos e de formas alternativas de vida, o que aponta para uma reavaliação positiva, em termos de Ocidente e mesmo do Brasil, das culturas indígenas e negras para a formação das nossas sociedades e para a superação de seus problemas.: the paper argues that, since second half of twentieth century, the process of evolution of our societies is characterized by rapid fusion and very intense miscegenation of cultures, what points to impairment of traditional cultures and institutions, because the constitution of a new culture, fused and mixed, affirming pluralism and individualism that are the basis for moral universalism. Moreover, in this same period, the critic to the western model of modernization, that would be destroying alternative forms of sociability, relation with de world and production of material life, become current with new social movements, cultural groups and citizen initiatives. So, it is possible to perceive a highly emancipatory political-cultural aspect in our societies, namely the deconstruction of traditional cultures and authority of institutions, in favor of the democracy, human rights and alternative forms of life that conducts to a positive revaluation, in terms of Western and even Brazil, of indigenous and black cultures to the constitution of our societies and the overcoming of their social problems. Keywords: Democracy; Fusion of Cultures; Tradition; Modernization; Revaluation. (shrink)
Utilizaremos o conceito de sociedade sem mediações, calcada no racismo estrutural, tal como proposto por Frantz Fanon, para explicar a tendência regressiva própria às sociedades de modernização periférica, mormente o Brasil. A partir de uma crítica a Gilberto Freyre e a Florestan Fernandes, os quais assumem uma noção de objetivismo sociológico necessitarista com caráter apolítico-despolitizado para explicar o desenvolvimento e as contradições da sociedade brasileira hodierna (o sadismo-masoquismo de Freyre; a incapacidade negra para a ética protestante do trabalho, por causa (...) do escravismo), recusando, ambos, seja o racismo estrutural, seja o branqueamento racial, apontaremos exatamente para (a) a evolução sistêmica como um projeto político intencionado e planificado do branco/colonizador sobre o negro/colonizado enquanto o efetivo mote e dinâmica práticos da formação e do desenvolvimento da sociedade colonial; (b) a inexistência ou a fragilidade das mediações jurídicas, institucionais e normativas entre essas realidades compartimentadas e estanques da raça (branco sobre o – e contra o – negro); (c) a violência direta e a regressão permanente como as tendências estruturais da constituição e do desenvolvimento de uma sociedade de modernização periférica e racializada, inclusive com o apagamento e a falsificação da história colonial; e, finalmente, (d) a correlação intrínseca, mais uma vez negada por Freyre e Fernandes e, ao contrário, afirmada por Fanon, de raça e classe, raça como classe, classe como raça. (shrink)
RESUMO:O artigo discute a noção de esfera pública tematizada nos trabalhos habermasianos, defendendo que a íntima associação entre esfera pública e democracia permite pensar um modelo de política radical, no qual a aproximação entre Estado burocrático e partidos políticos profissionais com os movimentos sociais e as iniciativas cidadãs poderia superar a redução da práxis política a política partidária, concedendo a devida importância aos impulsos normativos e aos interesses generalizáveis advindos da sociedade civil rumo ao político, recuperando também uma concepção de (...) esfera pública não desvirtuada por formas de comunicação ideológicas ou distorcidas, inclusiva e crítica do poder. Para isso, entretanto, a práxis política necessitaria, correlatamente àquela aproximação, dar um passo além da própria esfera pública concentrada na mídia corporativa, adentrando nas esferas públicas informais desenvolvidas pelos movimentos sociais e pelas iniciativas cidadãs. Com efeito, as acusações, por Habermas, de subversão da esfera pública das democracias de massa contemporâneas somente poderiam ser superadas a partir de uma maior ênfase em tais esferas públicas informais, que também poderiam dinamizar uma organização administrativo-partidária atualmente marcada pelo distanciamento e pela sobreposição em relação à sociedade civil – situação possibilitada, em grande medida, pela mídia corporativa e pela burocracia e elitismo partidários. ABSTRACT:This paper discusses the Habermasian notion of public sphere. It is argued that the intrinsic association between the public sphere and democracy allows for the development of a model of radical politics in which the approximation between the bureaucratic state and professional political parties, along with social movements and citizen initiatives, could overcome the reduction of political praxis to partisan politics. This would include giving basic importance to normative impulses and universalistic claims coming from civil society. It would also involve regenerating a conception of the public sphere that is not undermined by ideological or distorted forms of communication, including the critique of power. For this, however, political praxis needs, along with such that approximation, to take a step beyond the public sphere concentrated in corporate media, focusing instead on the informal public spheres developed by social movements and citizen initiatives. In fact, Habermas’ claimed degeneration of the public sphere of contemporary mass democracies can only be overcome by a major emphasis on informal public spheres. This could energize administrative-party organizations, currently characterized by detachment and overlap in relation to civil society – a situation largely enabled by corporate media, the bureaucracy, and party elitism. (shrink)
Investiga-se, neste trabalho, a retomada, por Habermas, da posição teórico-política social-democrata, fundada na prossecução do Eestado de bem-estar social e na afirmação da centralidade da política democrática no que diz respeito à condução da evolução social, como reação ao neoliberalismo. Oo argumento central, aqui defendido, consistirá em que tal retomada da social-democracia define a posição teórico-política de Habermas em sua defesa de um projeto emancipatório de esquerda e como forma de interromper-se a desestruturação do Eestado de bem-estar social.
Criticamos, no artigo, duas exigências fundamentais postas pelo paradigma normativo da modernidade como condição da crítica, da reflexividade e da emancipação, a saber, a racionalização epistemológica dos sujeitos, das práticas e dos valores como critério da justificação e da validade, e o procedimentalismo imparcial, neutro, formal e impessoal como práxis da fundamentação ético-política. Argumentaremos que essas duas exigências teórico-práticas levam a dois graves problemas para uma teoria social crítica e para uma práxis política emancipatória relativamente à modernidade: primeiro, sujeitos epistemológico-políticos (...) marginalizados pela modernidade teriam de abandonar a carnalidade e a vinculação ao seu contexto e sua situação de vítimas da modernidade como condição de uma perspectiva crítica frente à própria modernidade como universalismo epistemológico-moral autêntico; segundo, uma perspectiva político-metodológica imparcial, neutral, formal e impessoal conduz tanto à apoliticidade e à despolitização dos sujeitos da fundamentação quanto à correlação de institucionalismo forte, cientificismo e lógica sistêmica, já que, nesse segundo caso, apenas as instituições e desde uma dinâmica lógico-técnica têm condições de assumir uma atuação e um enquadramento sociais nesses requisitos de imparcialidade, impessoalidade, neutralidade e formalismo. Como alternativa, apontaremos para a necessidade, por parte das vítimas da modernização, de uma voz- práxis política-politizante, carnal e vinculada, que tem como ponto de partida sua condição de marginalização e sua pertença social e antropológica como base da autoafirmação, da resistência e da luta e que se processa sob a forma de um anarquismo estético-político anti-sistêmico, anti-institucionalista e anti-cientificista, aberto, inclusivo e participativo. Palavras-chave: Modernização. Institucionalismo. Lógica sistêmica. Excluídos. Anarquismo estético-político. (shrink)
This paper has two main purposes, the first is to develop a criticism on the notion of modernity, or Western rationalism, presented in contemporary theories of modernity, characterized by the idea of autonomy and self-sufficiency of reason regarding the foundation of a binding notion of social normativity. The study criticizes the main perception of these theories of modernity, namely, the proposition that profane and secularized rationalism, marked by an impartial, neutral, formal and impersonal perspective in axiological-methodological terms, is enough to (...) ensure this same epistemological-moral Universalism without religion and metaphysics. The second purpose consists in arguing in favor of a political and religious Universalism that points to the incapacity of this purist and independent notion of reason in generating and sustaining, without foundation and application based on metaphysics and religion, a universal content of Human Rights. The work is grounded on bibliographical analysis of contemporary theories of modernity, from a criticism to their central presumption, which is the autonomy, self-referentiality and self-subsistence of reason relatively to religion and metaphysics, proposing, as a conclusion, the correlation of reason and religion-metaphysics as the path and the content of epistemological-moral Universalism. (shrink)
Normal 0 21 false false false MicrosoftInternetExplorer4 O trabalho pretende refletir sobre a concepçáo de justiça política de John Rawls, especificamente no que diz respeito à sua formulaçáo de princípios de economia política que se contraporiam de maneira direta ao liberalismo político e econômico clássicos (John Locke e Adam Smith, respectivamente), mas que também se contraporiam, e essa será a tese perseguida aqui, à posiçáo neoliberal de Hayek.
In the text, we put the category of differences as anthropological-ontological and epistemological-moral contemporary ethos and praxis which challenge-streamline institutionalized and universalist religions, for example the Catholic Church, in their use of essentialist and naturalized foundations as normative-paradigmatic basis for framing, legitimation and orientation of these differences, as basement for the dialectics between plurality and unity regarding these differences. From that, we will argue that the institutionalized and universalist religions’ central challenge – and, in our case again, the Catholic Church’s (...) central challenge – consists in the deconstruction of the correlation among strong institutionalism, strict anthropological-ontological and epistemological-moral objectivity and political-normative fundamentalism. In this sense, as long as religious institutions bring the differences as normative praxis and epistemological-political subjects into their internal dynamic of constitution, legitimation and social foment of the creed, it is possible to achieve the weakening and the moderation – and perhaps the own abandonment – of the essentialist and naturalized foundations as basis for framing of all areas of human life. Anyway, as we think, this must be the case for gender and sexuality, which could not and should not be grounded on such an essentialist and naturalized basis. (shrink)
O presente artigo discute acerca da evolução das democracias ocidentais no sentido de defender que a consolidação do Estado liberal implicou na negação da sociedade civil e seus movimentos enquanto respectivamente o espaço político e os sujeitos políticos da transformação social por excelência. Ele busca defender que a modernidade política somente foi possível porque a sociedade civil e seus movimentos constituíram-se respectivamente como a arena política por excelência e como os sujeitos políticos por excelência, contra a política e os atores (...) políticos institucionalizados em termos de Antigo Regime. Nesse sentido, a intuição que persigo, ao defender que com o Estado liberal clássico vitorioso nós temos a anulação do potencial político da sociedade civil e de seus movimentos, está em que a estruturação política e social das democracias de massa do capitalismo de regulação estatal, caudatárias desse movimento histórico constituído pelo Estado liberal clássico e pela economia de laissez-faire, apresenta exatamente essa configuração de democracia social e de anulação da democracia política. (shrink)
Neste artigo, critico a estratégia metodológico-programática, por parte da teoria da modernidade de Jürgen Habermas e de seu consequente procedimentalismo jurídico-político, em termos de utilização da correlação entre teoria de sistemas e teoria normativa como base para o entendimento-enquadramento da modernização ocidental, o que leva a um duplo problema: primeiro, ao fato de que os sistemas sociais são estruturas lógico-técnicas, de caráter autorreferencial, auto-subsistente, autônomo e fechado em relação ao mundo da vida, marcados basicamente por racionalidade instrumental e dinamizados desde (...) um procedimento exclusivamente interno aos próprios sistemas sociais, o que significa que eles são estruturas e sujeitos não-políticos e não-normativos, eliminando-se, aqui, a possibilidade de uma intervenção político-normativa direta canalizada desde os sujeitos políticos da sociedade civil; segundo, a utilização tanto dessa noção de instituição ou sistema social e do conceito de sociedade complexa como definindo as sociedades democráticas contemporâneas, que são constituídas por esse tipo de sistema social, já não possuem um centro político-institucional dinamizador da evolução social e são marcadas pelo anonimato e pela individualização dos sujeitos políticos. Nesse sentido, gesta-se um procedimentalismo jurídico-político que, por um lado, é imparcial, neutro, formal e impessoal em relação às classes sociais e às lutas de classe, despolitizando as instituições e sua dinâmica interna, assim como as próprias classes sociais e suas lutas e contrapontos por hegemonia, além de, por outro lado, estar restringindo por aquele caráter lógico-técnico dos sistemas sociais, o que trava e enfraquece a práxis política democrática em relação aos sistemas sociais de um modo geral e às instituições jurídico-políticas em particular. Aqui, o institucionalismo forte torna-se a base e o sujeito centrais da constituição, da legitimação e da evolução institucionais-societais. (shrink)
Argumentamos e correlacionamos dois pontos, no texto. Primeiro, que, na filosofia política e no direito contemporâneos, a imparcialidade, a impessoalidade, a neutralidade e o formalismo metodológico-axiológicos das e por parte das instituições público-políticas, dos e por parte dos sistemas sociais direito e política, são a única base garantidora e fiadora do caráter antifascista, antitotalitário e antimassificador das instituições direito e política; da separação, da autonomia e da sobreposição dos sistemas sociais direito e política em relação às concepções abrangentes de mundo (...) da sociedade civil, bem como da separação, da autonomia e da sobreposição do direito – como base última de validação da democracia em geral – em relação à política; do controle de perspectivas fascistas assumidas por grupos político-culturais sediados na sociedade civil; e do fomento e da efetividade dos direitos e das liberdades básicos e de processos amplos, inclusivos e participativos de crítica social, de reconhecimento cultural, de luta política e de práxis pedagógica dos e pelos diferentes sujeitos político-culturais próprios à sociedade civil. Ora, e este seria o segundo argumento, a “Operação Vaza-Jato” nos tem mostrado que a “Operação Lava-Jato” rompeu com esse pressuposto fundamental, garantidor e fiador do Estado democrático de direito, ao fragilizar e até eliminar essa base metodológico-axiológica institucionalista. Com isso, ela correlacionou política e moral com e como direito, direito com e como política e moral, abrindo espaço para a colonização do direito pela política e pela moral e, principalmente, viabilizando que a política, agora aberta e descaradamente assumindo perspectivas essencialistas e naturalizadas como fundamento público-político dessas instituições, desses sujeitos institucionalizados e da vida social, instrumentalizasse o direito com fins políticos. Por isso, ninguém tem mais medo – na verdade se tem orgulho, no Brasil de hoje – de se ser fascista publicamente, sejam os sujeitos institucionalizados, sejam os sujeitos não institucionalizados! (shrink)
The paper argues that the emergence of the Western question of rationality only can be understood in its dynamic and evolution from the correlation between philosophical/theological/scientifical institution and the strong objectivity, in that such a strong objectivity only can be achieved by a scientifical institutional praxis, something that common sense and common people cannot do. The Platonic model of scientifical institution as centralizing and monopolizing the epistemological-political grounding, imposing it directly on common sense and common people, is based on the (...) idea that the strong epistemological-moral objectivity is the normative condition to the sense at all, to the framing, legitimation and guiding of common sense and common people. So this correlation between scientifical institution and strong objectivity leads to the strong institutionalism regarding the constitution, the legitimation and the social foment of the valid knowledge and of the valid culture, again from the contraposition to common sense and common people. Here, scientifical institution acquires a role of judge and of guide of the social evolution as a whole. The paper’s central argument is that such Platonic linking between scientifical institution and rationality must be deconstructed in favor of common sense and common people, i.e. in favor of the democracy as basis of the epistemological-moral grounding, which means as consequence the institutional weakening and abandonment of that Platonic self-understanding which links scientifical institution and objectivity. (shrink)
This paper provides a criticism of the New Left’s discourse of legitimation of the globalization hypothesis based on the same understanding of it than contemporary Conservative Liberalism. According to the New Left’s basic epistemological-political standpoint, the economic globalization is a consolidated process which leads not only to the era of international economy, but also to the failure of a nationalist interventionist politics, as to the irreversible weakening of the Welfare State model of strong political institutions as the basis of economic (...) constitution and of social evolution. According to the New Left, only international political institutions can frame the international economy. We argue that the New Left does not seriously consider the notion of late capitalism, disregarding the political-economic dependence between central and peripheral countries as the fundamental characteristic of international politics and of global economic constitution. Here, international political institutions cannot tackle macroeconomic contradictions and pathologies due to the fact that the international economic order is grounded on political inequality and dependence of these central and peripheral countries. The important epistemological-political question is not primarily the economic globalization itself, but its political basis, that is, the international politics founded on the periphery’s dependence as the condition to central development. Therefore, only the recovery and the renewal of a nationalist and interventionist politics based on the strengthening of political institutions in general and of the Welfare State in particular can respond to problems of economic globalization, deconstructing the New Left’s globalization hypothesis. (shrink)
Argumentamos, no artigo, a partir de uma análise sistemática da produção literária de escritores/as indígenas brasileiros/as, que, desde a segunda metade do século XX, os povos indígenas passaram a afirmar a e a utilizar-se da esfera pública, sob a forma de ativismo, de militância e de engajamento, enquanto a estratégia e o lugar por excelência para a tematização da questão indígena no país, como forma de reação a processos de expansão socioeconômica e de negação político-cultural que punham em xeque a (...) sua própria existência, bem como em termos de recusa seja do paternalismo tecnocrático, seja da ideia de responsabilidade relativa a eles impostos. Com o objetivo de consolidarem-se como sujeitos público-políticos atuantes, eles optaram pela educação escolar e pela apropriação de ferramentas epistemológicas e técnicas digitais que lhes permitissem inserir-se na socialização nacional, modernizar-se política, cultural e epistemologicamente para, com isso, dinamizar uma perspectiva de crítica de nossa modernização conservadora a partir da auto-organização comunitária interna e desde a construção de uma rede de interação entre as nações indígenas. Rompe-se, por meio disso, com a imagem produzida cultural e normativamente pela colonização do/a índio/a selvagem, rude e bárbaro/a, confinado/a ao mais recôndito de nossas matas, incapaz de civilização; e, em seu lugar, consolida-se exatamente esse/a indígena socializado/a, modernizado/a, no pleno uso de sua cidadania política, produzindo e publicizando conhecimento, cultura e arte próprias. Da apropriação da educação escolar e dessas ferramentas e técnicas epistemológico-digitais passa-se, portanto, a uma postura ativista, militante e engajada na esfera pública, política e cultural, por meio da correlação de Movimento Indígena e de literatura indígena, em que a promoção da singularidade étnico-antropológica está na base da própria crítica à modernidade constituída e realizada pelos povos indígenas, seus/as intelectuais e escritores/as. (shrink)
Neste artigo, desenvolveremos a crítica de Ailton Krenak à modernidade-modernização ocidental como uma monocultura de ideias que se constitui como uma estrutura autorreferencial, autossubsistente, endógena, autônoma e autossuficiente, não necessitando do outro da modernidade em termos de ajuda e de crítica. Utilizando a ideia de colonialismo como teoria da modernidade, identificaremos cinco problemas fundamentais apresentados pela teoria da modernidade-modernização ocidental de Jürgen Habermas que justificam a crítica de Ailton Krenak, a saber: a modernidade como uma sociedade-cultura marcada por uma singularidade (...) absoluta, enquanto universalismo-globalismo pós-metafísico via racionalidade cultural-comunicativa, diferente de todo o resto das sociedades-culturas como tradicionalismo em geral via fundamentações essencialistas e naturalizadas; a compreensão do processo de constituição e de desenvolvimento da modernidade europeia como um movimento-princípio endógeno, autônomo, autossuficiente e fechado relativamente ao outro da modernidade, plenamente capaz de autocompreensão, autorreflexividade e autocorreção desde dentro, por seus próprios meios, sem necessidade de ajuda externa; a redução da dinâmica constitutiva e caracterizadora da modernidade como correlação, separação e tensão-contradição entre modernidade cultural e modernização econômico-social, com o silenciamento sobre o e o apagamento do colonialismo como movimento, princípio e consequência do processo de modernização ocidental; a compreensão restritiva do caminho constitutivo e evolutivo da modernidade-modernização ocidental, como um processo reto, direto e linear que vai da Europa moderna ao Primeiro e Segundo Mundos, mais uma vez silenciando-se sobre e apagando o Terceiro Mundo enquanto parte constitutiva e consequência da modernidade-modernização ocidental como um todo; e, finalmente, a correlação de modernidade cultural com/como o gênero humano, do gênero humano como um grande processo de modernização e de cada sociedade-cultura particular como uma proto-modernidade, o que sustenta e respalda exatamente a modernidade-modernização ocidental como ápice da evolução humana e, assim, seu sentido e sua vocação universalistas-globalistas, característica negada ao outro da modernidade. (shrink)
This paper criticizes the emphasis placed by contemporary social theory and political philosophy on institutionalism as the basis for the understanding, legitimation and changing of institutions, or social systems, and society as a whole. The more impactful characteristic of institutionalism is its technical-logical structuring, based on an impartial, neutral and formal proceduralism that autonomizes social systems in relation to political praxis and social normativity, depoliticizing these social systems. Here, they are no longer depoliticized, but assume political centrality as the fundamental (...) social subjects of the legitimation and evolution of institutions and society. The paper’s central argument is that it is necessary to re-politicize the institutions and the social subjects or social classes in order to ground and streamline a direct political praxis and the civil society’s social-political subjects as the basis for framing and legitimizing the current process of Western modernization. Recovering the politicity and the carnality of institutions, of social classes and of the evolution of society, is the fundamental task for a contemporary critical social theory that faces the strong institutionalism based on systemic theory. Such politicization is the unforgettable teaching of Karl Marx and Erich Fromm: the institutions have political content and political subjects, they are the result of social struggles for hegemony between opposed social classes which are political. Now, such politicity-carnality must be unveiled and used for an emancipatory democratic political praxis as the route for social analysis and political change, in opposition to the technical-logical understanding both of the institutions and of the social subjects. (shrink)
Defende-se que a felicidade, no sentido de realização pessoal e de bem-estar coletivo, pode – e deve – ser alcançada por meio da ação política, na medida em que ela nos desafia enquanto sujeitos construtores de nossa própria vida e de nossa própria sociedade, aproximando-nos dos demais cidadãos. Na práxis política, os indivíduos encontram-se ligados por laço de solidariedade, de cooperação, de respeito mútuo e de recíproca consideração dos interesses, laço que adquire importância fundamental no que diz respeito a solidificar (...) a sociabilidade enquanto ethos moral, superando-se uma visão instrumental tanto das relações sociais quanto dos próprios seres humanos, na qual cada indivíduo alcança sua felicidade correlatamente à promoção do bem-estar dos demais. Essa necessidade de reconsideração da política enquanto ethos que nos permite ser felizes e alcançar a realização cidadã é extremamente importante num momento em que a corrupção política, o autoritarismo e o paternalismo das instituições tendem a desacreditar a política, a distanciar as instituições políticas frente ao cidadão médio e a fomentar o privatismo civil, emperrando o processo democrático e solapando sua efetividade, que somente pode ser conquistada por meio da constante fiscalização e da participação de todos os cidadãos. Palavras-Chave : Democracia; Política, Felicidade; Corrupção; Autoritarismo.This article proposes that happiness, as personal fulfillment and collective welfare, can – and must – be achieved through political action, to the extent that it challenges us as subjects and builders of our own lives and of our own society. In political praxis, individuals are connected by a bond of solidarity, cooperation, mutual respect and equal consideration of interests of all and among all. Such connection acquires fundamental importance because it fosters solidification of sociability as a moral ethos in that each individual achieves their happiness correlatively in the promotion of the welfare of others. A reconsideration of the policy as an ethos that allows us to be happy and achieve the accomplishment as citizens is extremely important in today`s society in which political corruption, authoritarianism and paternalism discredit politics and tend to depart the political institutions of the average citizen, thus fomenting civil privatism and undermining the democratic process and its effectiveness. Key-Words : Democracy; Politics; Happiness; Corruption; Authoritarianism. (shrink)
the paper argues that it is possible to perceive a positive reconsideration about the importance of State role on social life and economic organization, in that democratic politics and redistributive, compensatory and interventive functions of the State are affirmed as directive forces of social evolution and socio-economic organization, by many groups of society, political parties and even intellectuals. Therefore, this positive role of the State, after a long time of supremacy of neoliberal positions and its disruption of State, is oriented (...) to pacification of social poverty produced by capitalist economy and to reinforce democratic political participation of citizens – something that current economic worldwide crisis makes more preeminent. So, the State is the core of democratic constitution of society itself, again , and it must be affirmed in this position and in the vindications of social movements and citizen initiatives about solid processes of political democracy, social justice and cultural recognition. (shrink)
Neste artigo, proponho: (1) tanto que o projeto ecumênico de uma organização societária comum seja ampliado para além da proposta de organização das igrejas cristãs, sendo estendido para um projeto dinamizado por todas as religiões mundiais em vista de uma ordem global justa, pacífica e solidária, (2) quanto que ele seja fundamentado não mais pela busca da identidade e da homogeneização religioso-cultural, de resto impossível hoje diante do consolidado multiculturalismo, mas sim a partir da afirmação da irredutibilidade do outro como (...) o mote para uma aproximação entre as diferentes concepções religioso-culturais, no solo de cada nação e globalmente. Partir da irredutibilidade outro possibilitaria, primeiro, fazer-se justiça às violações contra cada identidade religioso-cultural em particular e, segundo, perceber que, na impossibilidade de uma uniformização estrita a partir de um credo religioso-cultural específico, somente a paz e a reciprocidade, dinamizadas por meio de todas as religiões, podem resolver os antagonismos atualmente existentes, muitos deles caracterizados pela violência religioso-cultural contra a diferença. Palavras-Chave: Ecumenismo. Religião. Identidade. Diferença. Irredutibilidade.This article presents two proposals : first, it suggests that the ecumenical project of a common corporate organization be extended to a project spurred by all the world religions in view of a just global order , peaceful and with more solidarity; secondly, it suggests that this project is no longer justified by the search for identity and religious-cultural homogenization currently impossible before the already established multiculturalism, but rather from the assertion of irreducibility of the other as the motto for an approximation between the different religious and cultural conceptions in every nation and globally. The importance of having as a starting point the irreducibility of the other becomes practicable, first, by doing justice to violations against every religious-cultural identity in particular and, secondly, by realizing that because it is impossible a kind of strict standardization from a specific religious and cultural belief, only peace and reciprocity, streamlined through all religions, could solve the currently existing conflicts, many of them characterized by religious and cultural violence against difference. Key-Words : Ecumenism. Religion. Identity. Difference. Irreducibility. (shrink)
Neste artigo, defendemos que as teorias euronorcêntricas da modernidade, cujo mote é a reconstrução filosófico-sociológica do processo de modernização ocidental sofrem de uma cegueira histórico-sociológica que é caracterizada por três pontos básicos: o desenvolvimento dessa mesma modernização ocidental como um processo autorreferencial, auto-subsistente, auto-suficiente, endógeno e autônomo, de modo que haveria a modernidade enquanto racionalização e todo o resto enquanto tradicionalismo, o que, por outro lado, não impede as teorias da modernidade de correlacionarem modernidade-modernização, racionalização, universalismo e gênero humano; a (...) separação entre modernidade cultural e modernização econômico-social, a primeira enquanto esfera puramente normativa e a segunda enquanto esfera basicamente instrumental, lógico-técnica, com o objetivo de salvar-se um conceito normativo de universalismo epistemológico-moral que se confunde com a própria modernidade cultural; e, como condição de tudo isso, o apagamento do e o silenciamento sobre o colonialismo enquanto uma consequência do desenvolvimento da modernização ocidental como um todo. Argumentamos que uma práxis decolonial latino-americana tem na denúncia, no desvelamento e na desconstrução dessa cegueira histórico-sociológica das teorias euronorcêntricas da modernidade em sua estilização do processo de modernização ocidental o ponto de partida epistemológico-político fundamental para constituir-se como alternativa ao paradigma normativo da modernidade, para fundar o seu discurso filosófico-sociológico da modernização ocidental em sua correlação com o colonialismo. (shrink)
The paper aims to clarify the sense of contemporary fascism, particularly from the example of the Brazilian Bonsolarism, defining it as an anti-systemic, anti-institucional, anti-juridical and infralegal perspective with a personalist, devoted, voluntarist, spontaneous and militant character which starts from inside judiciary and in terms of subversion of the relation among law, politics and moral, and that, by means of politicization and partisanship of law, branches to the political system, serving as instrument to the fratricide political war among parties, from (...) there linking to civil society in the form of constitution of a digital-social mass-militia of acclamation oriented to an anti-systemic posture. In this dynamic, the fascism has two constitutive and streamlining cores: on one side, it subverts the correlation of human rights and law, delegitimizing and truly destroying the ontogenetic primacy, the separation, the differentiation, the self-referentiality and the overposition of law in relation to politics and moral, as the subsidiarity of them regarding law; on other, it leads to the deconstruction from inside to judiciary and political system of the highly institutionalist, legalist, technical, formal and depersonalized perspective which is proper to them, eliminating the centrality of the judiciary and, them, delegitimizing its regulator role regarding to political system and to the social dialectics, normalizing the totalizing regression caused by political-moral colonization of the democratic law. By reconstructing the pluralist and universalist democracy’s meta-normative and generative basis as a public system of law, that is, the co-originality of universality of human rights, pluralism and law, the condition of ontogenetic primacy, independence, self-subsistence and overposition of law in relation to politics and moral, as the subsidiarity of these regarding to law, we will point to the renewal of this systemic, systematic, procedural, mediated, instancial, progressive and publicized perspective of the public system of law, in the interrelation, separation and overposition of judiciary and political system, demarcated by a strong ideal of methodological-procedural-axiological institutionality, legality, technicality, formality and depersonalization, which eradicates the politicization and partisanship of law and, by devolving the complete integrality to law-judiciary, confines the democracy’s political system and civil society to their true limits which are its structural basis: the human rights, the legal process and the public system of law, with the necessity of full translation of politics and moral to law, delimitating the pluralist and universalist democracy as a public system of law oriented to the production of universality in/as/by legality. (shrink)
Resumo: Apresenta-se, neste texto, a perspectiva de uma crítica da modernidade, por parte do pensamento indígena brasileiro, a partir da sua denúncia da modernização como movimento expansivo totalizante que tem, na imbricação de eurocentrismo-colonialismo-racismo e/como fascismo, seu núcleo estruturante e dinamizador. Defende-se a proposta de um pensamento-práxis indígena que oferece uma explicação alternativa da modernização, enquanto guerra de colonização calcada no racismo estrutural e tendo como consequência o etnocídio-genocídio planificado, o qual também propõe um papel epistêmico-político-normativo aos indígenas, por eles (...) e desde suas formas de ser e estar no mundo, a saber, pacificar o branco. Com isso, inverte-se uma tripla lógica da modernidade: a modernidade como uma perspectiva endógena, autorreferencial e autossubsistente; a modernidade como movimento expansivo linear e reto, rumo ao universalismo pós-tradicional - e como universalismo pós-tradicional - via racionalidade cultural-comunicativa; e a modernidade como a condição exclusiva e necessária da crítica da modernização, da crítica do outro da modernidade e do sustento de uma noção universal de direitos humanos, os quais os outros da modernidade não conseguiriam gerar e nem sustentar.: We develop the perspective of a criticism of modernity by Brazilian Indigenous thinking, from its denounce of modernization as an expansive and totalizing movement that has in the imbrication of eurocentrism-colonialism-racism and/as fascism its structuring and streamlining core. We will argue the proposal of an Indigenous thinking-praxis that offers and alternative explanation of modernity as war of colonization based on structural racism and having as consequence the institutional ethnocide-genocide against Indigenous and Blacks; and also that proposes an epistemic-political-normative role to Indigenous since their forms of being in the world, that is, to pacify the White man. Therefore, we have the inversion of a triple logic of modernity: the modernity as an endogenous, self-referential and self-subsistent perspective; the modernity as a lineal and direct expansive movement towards post-traditional universalism - and as post-traditional universalism - from cultural-communicative rationalization; and the modernity as the exclusive and necessary condition for the criticism of modernity, for the criticism of the others of modernity and for the basement of an universal notion of human rights, tasks that the others of modernity cannot generate or sustain. (shrink)
O texto aborda a correlação de democracia, diversidade e educação a partir da condição própria às minorias político-culturais que são efetivamente construídas desde a tríade racismo biológico, fundamentalismo religioso e eurocentrismo-colonialismo, rediviva política e culturalmente pela ascensão do fascismo como eixo estruturante das instituições e da vida sociopolítica brasileira hodierna enquanto consequência e estágio último de nossa modernização conservadora. Nosso problema de investigação pode ser definido com a seguinte pergunta: como é possível desconstruir-se a tríade racismo, fundamentalismo e colonialismo, base (...) de nossa modernização conservadora, a partir da condição, da história e dos valores próprios às minorias político-culturais? Nossa resposta, construída a partir de reflexões fundadas na teoria social e no pensamento negro, indígena e queer, é dupla: minorias político-culturais permitem a pluralização dos sujeitos, das histórias, das experiências, das práticas e dos valores constitutivos de nossa sociedade, desnaturalizando e politizando sua evolução e suas condições presentes; e é necessário que essa consolidação pública, política e cultural das e pelas minorias possa ser institucionalizada em termos de formulação de currículos, conteúdos, práticas e valores próprios à educação básica pública, uma vez que a militância social por elas assumida depende, para sua efetividade, tanto dessa institucionalização a ser assumida pela escola básica pública quanto, a partir daqui, da dinamização de processos educativos que, baseados exatamente na condição e no sentido dessas minorias político-culturais dentro do amplo processo de modernização conservadora brasileira, atinjam nossa coletividade como um todo, moldando uma nova cultura democrática, pluralista, equalizada e reflexiva. (shrink)