HOMENAGENS

IN MEMORIAM

Balthazar Barbosa Filho

Guido Antônio de Almeida

Professor titular aposentado (2006) do Departamento de Filosofia da UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. guidoalmeida@hotmail.com

9 de dezembro de 1942 – 19 de agosto de 2007

Faleceu em Porto Alegre, aos 64 anos de idade, o professor Balthazar Barbosa Filho, um dos mais eminentes filósofos brasileiros e, certamente, o mais brilhante de sua geração. Conheci-o ainda jovem, quando ainda estudante na Universidade de Louvain. Sua inteligência fulgurante tornava-o já um debatedor temível. A lhaneza do trato e o fino humor conquistavam a admiração e a amizade.

Formado no rigor da Filosofia Analítica, Balthazar Barbosa aplicou a clareza de sua inteligência não apenas aos temas contemporâneos da filosofia da linguagem e da lógica, mas também aos temas clássicos da metafísica, da epistemologia e da ética. A rapidez com que apreendia o essencial das questões tratadas, a capacidade de formulação precisa e lapidar, a memória invulgar e facilmente mobilizada, aliada ao trabalho metódico e disciplinado, granjearam-lhe uma vasta cultura filosófica. Leitor assíduo dos filósofos analíticos e de Wittgenstein, a quem consagrou sua tese de doutorado, discorreu com argúcia e originalidade sobre temas de filósofos tão diversos como Aristóteles, Boécio, Tomás de Aquino, Descartes, Hobbes, Leibniz e Kant.

Balthazar Barbosa não sobressaía, porém, apenas pelas virtudes de seu intelecto. A coragem e o destemor de suas atitudes, ligadas à generosidade e à lealdade, atraíram para si um grande número de estudantes, que formou e preparou para o estudo e a pesquisa, bem como inúmeros colegas, que reunia em grupos de pesquisa e colóquios. É essa aliança de virtudes intelectuais e morais que explica a liderança natural que exerceu na comunidade filosófica brasileira.

É difícil aceitar que uma pessoa de qualidades tão raras nos tenha sido roubada por uma morte inesperada e prematura, que a colheu em pleno vigor do intelecto e da vontade. A homenagem que a revista Kriterion através de minha modesta pena presta à sua memória, junto a tantas outras que já foram feitas, serve para nos lembrar que a morte que nos privou da presença atuante de Balthazar Barbosa não nos privou do exemplo que ele legou para a comunidade filosófica brasileira.

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