Abstract
O presente artigo pretende lançar alguma luz sobre como Cândido ou o otimismo opera sua crítica ao sistema leibiniziano. Para compreender o valor filosófico de Cândido e seu lugar preciso na vasta obra de Voltaire, realizaremos percursos distintos. Primeiro, percorreremos rapidamente a história do problema do mal no início do século XVIII, especialmente como o problema se apresenta no debate travado por Leibniz e Bayle. Em segundo lugar, consideraremos brevemente a metafísica do mal de Voltaire. Os quarenta anos em que se dedicou à questão do mal não são monótonos, constituem-se de variações, de aproximações e distanciamentos em relação tanto ao otimismo de Alexander Pope quanto ao de Leibniz. Em terceiro lugar, tendo em vista as posições de Leibniz e Bayle e as distintas atitudes de Voltaire em relação ao otimismo filosófico, consideraremos alguns exemplos das caricaturas do otimismo em Cândido para ver como elas portam uma verdadeira crítica ao sistema leibniziano.