Abstract
Este artigo discute o mal-estar de adolescentes de duas escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro, no contexto de retorno presencial das aulas pós-pandemia da COVID-19. Durante o contexto de isolamento, a escola teve de se ressignificar como lugar de aprendizagem, de convivência e de mediações com tecnologias até então ausentes, e atualmente tem que se reconstruir, territorialmente, como um lugar possível de afeto e transmissão. A escola é uma das instâncias que se ocupa desta tarefa, em que o jogo de forças entre os grupos e a subjetividade se faz presente. No entanto, a ausência territorial da escola no período de isolamento social foi inevitável. A questão central a que este artigo busca responder é de que maneira o pressuposto freudiano de que o mal-estar faz parte e é inerente à relação entre o sujeito e a cultura, aparece, e sob que aspectos, nesta experiência de retorno às escolas, no período pós-pandemia. Quer nas dificuldades de aprendizagem, diante do lugar do outro, no conflito entre temporalidade e demanda, nas estratégias de enfrentamento e na distância entre os projetos e a realidade, os estudantes revelam suas angústias e novos modos de lidar com a condição de mal-estar.