Abstract
A partir da análise da arqueologia/genealogia do poder de Michel Foucault, o presente artigo propõe-se a discutir a evolução do conceito de poder disciplinar para o conceito de biopolítica, com base na transição que o filósofo identifica, no que se refere à organização do espaço urbano, da arquitetura e do urbanismo para a engenharia. Procura-se responder, com o artigo, à seguinte objeção: em que medida a arquitetura da sociedade disciplinar a partir da concepção de estruturas de disciplinamento dos corpos com o objetivo de inclui-los no regime de produção da incipiente sociedade capitalista perde sua funcionalidade no contexto da sociedade do biopoder, pautada por uma engenharia da exclusão? Parte-se da hipótese de que, se a sociedade disciplinar, por meio da arquitetura do panóptico, buscava a integração dos indivíduos ao modelo de produção vigente, a sociedade da biopolítica promove, por meio da engenharia, a exclusão das massas que se transformam em excedente e, reflexamente, em inconveniente social.