Abstract
O presente trabalho consiste na análise do enunciado “experiências sensatas e demonstrações necessárias”, que Galileu utiliza em seus argumentos em favor da autonomia da ciência na “Carta a Castelli”. Nosso propósito é explicar o enunciado “experiências sensatas e demonstrações necessárias” como sendo o critério de conhecimento dos fatos da realidade física que Galileu estava propondo com seu conceito de “ciência”. Explicaremos os procedimentos particulares que definiriam os itens “experiências sensatas” e “demonstrações necessárias” do critério de Galileu. Por um lado, as experiências sensatas estariam baseadas na interpretação matemática dos efeitos derivados de causas rigorosamente observadas. Por outro lado, as demonstrações necessárias seriam baseadas no procedimento do “regresso demonstrativo” (regressus demonstrativus). Através de sua forma lógica, o regressus estabelece um tipo de demonstração utilizada especialmente nas explicações dos fatos físicos, oferecendo, desse modo, uma descrição verdadeira da realidade. Dessa forma, uma vez que o regressus fosse aplicado aos efeitos interpretados matematicamente, teríamos uma descrição verdadeira da realidade. Em uma postura filosófica, Galileu estava propondo uma física baseada na matemática que descrevesse verdadeiramente, e não instrumentalmente, a realidade.