Abstract
A poesia de Ana Hatherly (1929-2015) nasce da voracidade da escrita ao gesto do olhar. Da vontade de apossar-se da “mão que escreve”, assenhorar-se da palavra e a imagem que circulam nas paisagens, nas pinturas, das reflexões sobre o olho que procura ansiosamente comunicar aquilo que vê e imagina. Da mão que na folha deserta corre em busca do sentido que se exibe enquanto foge.Dessa escrita ou imagem dela, nasce, também, a voracidade de incorporar a linguagem como tatuagem. Por isso, transforma o corpo, em corpo-fonte, corpo-letra em busca do desejo da escrita. Inspirações nascidas de Mallarmé que confirmam que a palavra poética não se esgota no campo literário. Nela há, definitivamente, uma poética das artes plásticas.