Abstract
Assumindo que a arquitetura e o pensamento filosófico a seu respeito são elementoes essenciais para a auto-compreensão do humano, este artigo defende três pontos acerca do papel do espaço e do tempo na arquitetura funcionalista e na sua crítica. Dois exemplos significativos na História da Filosofia, nomeadamente, o conceito platónico de espaço e o conceito kantiano de esquema mostram que o espaço e o tempo como elementos básicos da experiência humana estão intimamente relacionados com a sensibilidade e a imaginação e não podem ser reconduzidos a uma funcionalização exclusivamente objetiva. Defendo, em segundo lugar, que o funcionalismo arquitetónico não tomou deliberadamente em consideração os aspectos do espaço e do tempo que os ligam à sensibilidade e à imaginação. Como resultado dos pontos precedentes, complementados por referências à posição do funcionalismo em relação ao tempo histórico e à relação de meios e fins, e considerando alguns autores importantes do séc. XX, um terceiro ponto é defendido, a saber que as insuficiências atribuídas ao funcionalismo derivam do facto de que este ignorou o espaço e o tempo na sua relação com a sensibilidade e a imaginação. Estas teses mostrarão, finalmente, que a arquitetura pode ser entendida como um esquema sensível da auto-compreensão humana.