A Classificação Lockeana Das Idéias: Idéias Fora Do Lugar?

Cadernos de História E Filosofia da Ciéncia 12 (1/2) (2002)
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Abstract

O presente trabalho procura mostrar alguns elementos de juízo favoráveis à leitura do Ensaio como a “mera” história natural do entendimento humano, uma arrumação e uma faxina da consciência humana que, ao introduzir certa ordem e limpeza nesse caótico domínio, facilita o trabalho dos cientistas. De um ponto de vista meramente exegético, essa leitura justifica-se já pela forma extremamente modesta como Locke expõe as suas pretensões “filosóficas”. Aqui se procura mostrar que são insuperáveis as dificuldades para fazer da exposição acerca das origens, tipos e extensão de nossas idéias no Livro II uma como que “gramática raciocinada empirista das idéias”, uma explicação cabal de como todas as idéias que apetrecham a mente humana são ou idéias simples ou resultam dessas por meio de operações da mente bem definidas. Explicação que seria exigida pela plena inteligência do conhecimento humano segundo o ponto de vista empirista .De sorte que a notória insuficiência da explicação do conhecimento humano nos Ensaios não resulta, como pretendem alguns, da papalvice do autor, mas pelo contrário, de sua profunda compreensão da fraqueza e dos limites da vida humana presente; rasos seriam, aos olhos do cristão Locke, os meios que os homens dispõem para compreender sua natureza mortal agora, quando não é dado ao ser humano ver as coisas senão opacamente, como que num espelho, para fazer uso da famosa expressão de São Paulo, autor sagrado da especial predileção de Locke. Aos olhos cristãos daquele que aceita o caráter precário de toda e qualquer empresa humana e que não tem outra pretensão senão a de colaborar com a sua época, a insatisfação com a explicação “histórica plana” do entendimento humano, lusco-fusca como soe ser o saber humano na vida presente, e a conseqüente demanda pela plena inteligência não podem parecer senão como descabidas.O texto se articula em três momentos fundamentais: i) a sugestão de que o Ensaio se situa num registro totalmente outro que o de obras como as Meditações ii) a análise das dificuldades em lê-lo como uma tentativa de demonstrar algo que obrigaria a reconhecer a sua indigência intelectual e iii) a análise das razões que Locke dispunha e de outras que se pode inventar para se contentar com uma “faxina honesta” que, por não pretender limpar e organizar tudo, não precisa nem esconder poeira debaixo do tapete, nem jogar no lixo aquilo que não for possível dispor ordenadamente

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