Abstract
Neste artigo, interessamo-‑nos pelo neologismo «perverformatif» [«performativo»] usado por Jacques Derrida em La Carte postale e em Marx & Sons. Se Derrida é um outro «mestre do performativo», título que ele reservava ao «Plato» de La Carte Postale não é por negar a Lei ou a sua «verdade», mas porque tem necessidade delas para assegurar a incidência de um desafio. O que performativamente se põe em obra e em abismo nos «Envios» passa assim por um desejo «perverso» de fazer advir esta lei e de a desviar. A nossa hipótese é a de que é precisamente o que se performa no idioma daquele que não tem senão uma língua que não é a sua e para quem as palavras «contêm a sua própria perversidade». Interrogaremos, pois, os rastros deste vocábulo, a sua virtualidade a operar e o seu alcance – linguístico, mas também ético e político – no pensamento de Jacques Derrida.