Abstract
O ensaio investiga o problema da unidade entre o Segundo Discurso, o Émile e Do Contrato Social, consideradas como obras filosóficas principais do pensamento de Jean-Jacques Rousseau. Reconstrói duas tradições interpretativas, uma favorável e outra contrária à unidade. A primeira, representada por Voughan, Guéroult e Kersting, procura mostrar a incompatibilidade entre o diagnóstico pessimista do Segundo Discurso e o ideal normativo atribuído ao Estado pelo Do Contrato Social. A segunda tradição interpretativa, que remonta a Immanuel Kant, postula a unidade focando no papel normativo que o Émile atribui à educação como forma de correção da maldade humana e da corrupção social e política. Ao assumir partido favorável a esta segunda interpretação, o ensaio destaca a centralidade que o Émile ocupa na arquitetônica do pensamento de Rousseau. Disso resulta importância da teoria educacional na elaboração do ideal republicano e democrático baseado na vida livre de iguais entre iguais.