Abstract
Em O olho e o espírito, Maurice Merleau-Ponty dialoga com o Grande Racionalismo, principalmente, com Descartes, critica as pretensões ingênuas da ciência do começo do século XX, de reproduzir fenômenos em laboratório, e rende tributo à pintura, essa forma de expressar que mostra à filosofia seu próprio ponto de partida: o vivente no mundo, que conjuga os verbos “eu vejo” com o “eu posso”. Somos, ao mesmo tempo, vidente e visível e nos deslocamos, mesmo que com o olhar; outrossim tocamos e somos tocados num entrelaçamento que forma o quiasma do sensível. E para construir sua ontologia, Merleau-Ponty discorda de todo ponto de vista de sobrevôo, que transforma as coisas em objetos a serem analisados por sujeitos, e valoriza a atividade do pintor que se funde com a pintura ao usar seu corpo para pintar, pois que fornece elementos para sua filosofia em que o vidente não se diferencia do visível, o sujeito do objeto, o eu do mundo. E nesse uso da pintura para expressar sua filosofia, Merleau-Ponty ganha como adepto Gilles Deleuze, crítico da fenomenologia, mas não desse mundo em fusão promovido por suas filosofias e pela pintura.