Abstract
Em sua obra O segundo sexo “fatos e mitos”, Simone de Beauvoir se propõe uma genealogia do ser mulher considerando a questão do que fez da mulher o “outro”. Isto porque, em sua análise existencial, a filósofa percebe a situação da mulher como a do inessencial e inautêntico. A mulher estranha a si mesma pois se constitui como o outro do homem. E, por sua vez, vista pelo olhar masculino, a mulher é o misterioso de duas faces, é tudo aquilo que o homem não é e não pode ser, o que faria da mulher o angustiante inexplicável da existência. Nesta alteridade negativa, é construída uma história da mulher no mundo e diversos mitos sobre o que é ser mulher, que resultam em uma situação. Evidentemente, uma situação opressiva, para a qual a autora considera ainda soluções, como a possibilidade de não se encerrar no destino materno e o ganho de poder aquisitivo — que livrariam as mulheres de sua sujeição social. Assim, expomos neste artigo como Simone de Beauvoir caracteriza a situação e os mitos da mulher, a fim de compreender porquê seria a mulher o segundo sexo.