Abstract
No presente artigo gostaríamos de mostrar como a relação de Heidegger com a ciência e com a modernidade se dá num momento imediatamente anterior a Ser e Tempo. Para tal, faremos uma análise do texto elaborado a partir do curso, de 1924, Introdução à Investigação fenomenológica. Nesse texto o autor afirma que o que ali se prepara é um confronto com a fenomenologia atual, leia-se: husserliana. Esse confronto se estrutura a partir da crítica feita por Heidegger ao artigo A Filosofia como Ciência de Rigor, de Edmund Husserl. Nele Heidegger acredita ter encontrado um preconceito que se interporia entre as coisas elas mesmas e o ente que nós somos e, pela falta de crítica desse preconceito, a fenomenologia de seu mestre se manteria ainda não-fenomenológica de fato. Tal preconceito seria justamente a necessária busca por segurança por meio de um método prévio à investigação da fenomenologia; tal necessidade, por sua vez, seria advinda da tradição moderna cartesiana na qual Husserl se manteria, o que não permitiria, segundo Heidegger, que sua filosofia pudesse se tornar, de fato, fundamental, como se arrogava.