Abstract
Este artigo recupera o papel dos cartógrafos indianos na construção da ciência cartográfica britânica e a maneira como o saber-fazer local (ainda que em contexto colonial) se projectou na metrópole. Mostra-se, assim, como a ciência cartográfica na Índia antecipou em larga medida as realizações então em curso na Grã-Bretanha. À noção passiva de difusão, substituem-se as noções mais activas, de recepções, de representações e de apropriações historicamente situadas. Com este estudo sobre cartografia, o autor põe em evidencia a cooperação entre elites indianas e britânicas. O saber-fazer indiano – protagonizados pelo que chama de cartógrafos subalternos – e em especial a técnica da agrimensura foram plenamente reconhecidos pelas instituições coloniais militares e fiscais, que se esforçaram por o desenvolver. Sem pôr em causa a relação entre saber/poder nos processos coloniais, Kapil Raj define zonas de negociação e mostra mesmo como os saberes produzidos por elites não ocidentais se projectaram no Ocidente e o transformaram.