Abstract
O presente ensaio se insere no âmbito da Filosofia Moderna (séculos XVII-XX), com ênfase numa problemática compartilhada pela Metafísica da mente e pela Filosofia da Física. De um ponto de vista histórico-conceitual, trata-se de retomar a contribuição de Henri Bergson para a compreensão do significado filosófico da Física moderna. Para tanto, projeta-se aqui (i) reconstituir, por uma abordagem histórico-conceptual, a mudança operada no conceito de matéria quando da ruptura entre a Filosofia Natural Clássica e a Filosofia Natural Moderna; (ii) indicar como a prioridade ou o abandono do conceito de matéria ocasionou uma cisão interna na Filosofia Natural Moderna; (iii) mostrar que, segundo Bergson, o problema mente-corpo se origina da concepção cartesiana de matéria e dos desdobramentos desta em outras filosofias; (iv) examinar como Bergson assume criticamente uma concepção de matéria familiar as de J. Maxwell, J. Thomson e M. Faraday; (v) mostrar assim que a originalidade de Bergson consiste em estabelecer a distinção entre dois tipos de “extensão” (“_l’étendue_” e “_l’extension_”), que, se estiverem amparadas na experiência como se espera, suprimem as contradições dos dualismos e autorizam afirmar tanto a realidade da matéria quanto a do “espírito”.