A base ontológica da Crítica da Razão Pura e os postulados do Beweisgrund: uma comparação
Abstract
Dada a importância que o predicado de existência tem não só para os escritos kantianos, mas para toda a ontologia moderna, o presente artigo tem como objetivo realizar uma comparação da noção de ser em dois períodos distintos da filosofia de Kant. De modo específico, pretende-se ver como a noção de ser presente na Crítica da Razão Pura (1781) já estava, em certa medida, formulada em um trabalho pré-crítico do filósofo redigido em 1763, a saber, na obra O único argumento possível para uma demonstração da existência de Deus [Der einzig mögliche Beweisgrund zu einer Demonstration des Daseins Gottes] . Como será visto, pretende-se mostrar que as noções principais sobre o conceito de existência já estavam presentes de modo bastante similar no período pré-crítico, como a formulação de que “a existência não é um predicado real” e, ainda, de que “a existência nada mais é que a posição absoluta de algo”. Será ainda salientada a importância dada à experiência para a formulação dos juízos existenciais, importância essa pontuada tanto na obra pré-crítica, quanto na Crítica da Razão Pura