Abstract
A proposta deste texto é antiga, tratando de uma indagação que retorna por meios contemporâneos: a arte deve ser medida ou produzida com um sentido de utilidade? Sem julgamento a priori, as duas propostas das leituras que apresentamos se relacionam de maneira contrastante com esta inquietação: a leitura de Alan de Botton é quase terapêutica; Proust, um dos mais herméticos escritores do século XX, aparece a partir de rubricas que podemos associar aos títulos da literatura de autoajuda. Em Deleuze, ela reside no fato de ser a literatura a experiência de gaguejar na própria língua, produzir mundos possíveis no campo da arte e dos sistemas de pensamento. Neste caso, ao contrário de acalmar ou indicar caminhos, sua função é nos lançar na zona do inesperado.