Abstract
O presente artigo explora as manifestações básicas do conceito de justiça em Jr. 1-25, atendendo à interacção entre justiça social, realeza e profetismo no contexto do Próximo Oriente antigo. É contextualmente analisado o principal léxico pertencente aos campos semânticos da justiça e da injustiça, em sentido estrito, incluindo as categorias sociais directamente envolvidas (estrangeiro, viúva, órfão, pobre, oprimido, necessitado, etc.). Nos termos do iaveísmo hierosolimita e da ideologia régia davídica, Jeremias desenvolve um discurso de denúncia social relativamente genérico sobretudo direccionado para a realeza, exortando-a a cumprir o seu papel de garante do funcionamento e implementação da justiça na sociedade. É contra Joaquim que a polémica jeremiana atinge o seu auge, criando uma imagem de anti-rei que inverte totalmente o paradigma de realeza humana e divina exemplarmente retratada nos salmos reais. O direito consuetudinário do Código da Aliança, e sobretudo a tradição profética (Amós, Miqueias e Isaías) e sapiencial (Salmos e Provérbios), e não o Deuteronómio, devem fornecer o quadro interpretativo preferencial para o conceito de justiça social em Jeremias.