Abstract
Apresento neste ensaio alguns argumentos em defesa de uma proposta de metafilosofia que fornece uma resposta abrangente, formal e metodológica à questão ‘como se faz filosofia?’, tomada como anterior e mais fundamental do que a questão tradicional ‘o que é filosofia?’. Essa proposta se materializa metodologicamente através das ideias de uma poética e uma dramaturgia do fazer filosófico. A poética do fazer filosófico tem a ver com uma reapropriação do trivium clássico na forma de um trivium filosófico, composto por uma gramática, uma dialética e uma retórica filosóficas. A dramaturgia do fazer filosófico se associa à polissemia da noção de diálogo, entendido como encenação argumentativa. Em seguida, apresento uma breve genealogia da noção de theatrum philosophicum em sua relação com as configurações assumidas pela tópica do theatrum mundi no final do medievo e início da modernidade. Por fim, apresento como esta relação nos fornece uma via de acesso para explicitar a poética e a dramaturgia do fazer filosófico elaborada por Platão nos Livros V-VII da República, mostrando assim que minha proposta de metafilosofia é contemporânea, mas tem sua gênese neste texto clássico.