Abstract
Tanto nas leis como nas propostas educacionais ou nos discursos das organizações sociais, a relação do homem com o ambiente é tratada de maneira fragmentada – o homem está fora do meio, cabendo-lhe o papel de fiscalizador, predador ou controlador. Tal percepção revelaria hoje um “efeito colateral” que vem sendo descrito como uma “crise ambiental” ou, como queremos, uma “crise do letramento massivo”. Para atestá-lo, empreendemos uma análise exploratória fundamentada na Linguística Sociocognitiva. Argumentamos que os processos orais se organizam em torno da “pouca distância” que o “conhecedor” tem do “conhecido”, enquanto que, com a escrita, a linguagem interpõe “entre o conhecedor e o conhecido um objeto que é o texto escrito”. O fenômeno explicaria a ampla reanálise de uma cosmogonia em que o homem ocidental se via no “centro do mundo” e passou a compreender-se como um ser que distingue claramente o eu e a natureza (Descartes), um ser “fora do mundo”, que o lê como um “livro da Natureza”, como dirá Galileu. Para mudar tal percepção, como quer a educação ambiental contemporânea, será necessário “adquirir um sentimento vivo da unidade do saber humano”, o que significará transformar a educação formal.