Abstract
O pintor tem espaço nos retábulos maneiristas, diminuindo o seu desempenho a favor do entalhador, à medida que o programa do Barroco Nacional se impõe na arte da talha. Em Portugal, nos séculos XVII e XVIII, definem-se os ofícios com fronteiras frágeis. Entalhador pode significar escultor, imaginário ou ensamblador – assim como o dourador é mencionado, muitas vezes, como pintor e estofador, numa polivalência artística notável. Cabe ao imaginário, na gramática barroca, apropriar-se dos espaços intercolúnios, entre outros, para cumprir as encomendas dos santos em concordância com as determinações do Concílio de Trento.Os inventários, as Memórias Ressuscitadas de Entre-Douro-e-Minho (Francisco Craesbeeck, 1726), as Memórias Paroquiais de 1758 (A.N.T.T.) e um levantamento fotográfico privilegiam o percurso escultórico dos oragos e das invocações retabulares de templos no Baixo Tâmega e no Vale do Sousa. Neste sentido, pretende-se desenhar uma matriz dos espécimes mais recorrentes, estabelecendo assim a mancha das devoções nacionais nos concelhos de Amarante, Marco de Canaveses, Felgueiras e Penafiel.