Triunfo do realismo: o que é isso?

Verinotio – Revista on-line de Filosofia e Ciências Humanas 26 (1):64-84 (2020)
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Abstract

Ao analisar uma obra literária, Lukács a localiza em seu contexto histórico-social. Em seus estudos sobre Tolstói, por exemplo, ele busca demonstrar como a obra desse escritor supera certas dificuldades impostas em sua época para o “grande realismo”. Para tanto, foram essenciais as reverberações da revolução camponesa russa. Ela permitiu, de acordo com o filósofo, que Tolstói rompesse, até certo ponto, com as limitações de sua própria visão de mundo reacionária e atingisse uma figuração precisa, realista da realidade russa. Isso é o que Lukács chama de “triunfo do realismo”. Ele remonta à compreensão de Engels sobre a relação entre literatura e o posicionamento ideológico do autor, explicando como é possível – sob determinadas circunstâncias – que a visão de mundo reacionária de um autor não só não deforme a figuração da realidade, mas também contribua – positivamente – para sua realização literária. Com essa apreciação, Lukács se distancia de alguns críticos da II. Internacional, em cuja avaliação Tolstoi não passava de um conde reacionário – o que ele era –, aproximando-se e desenvolvendo as análises de Lênin sobre o escritor russo. Para Lênin, Tolstói era o espelho literário da revolução russa de 1905. Lukács busca então desvelar como esse acontecimento histórico se imprime na composição de Tolstói. Por si só, tal reconstrução hermenêutica tem seu interesse; ela sugere, para além, o complexo de questões em torno da decadência ideológica, tão caro à fortuna crítica sobre Lukács. Pois, em paralelo a sua análise sobre Tolstói, Lukács menciona o destino de autores ocidentais como Flaubert, para quem, a despeito de sua honestidade inquestionável, tal caminho já não era mais acessível e sua obra permaneceu inferior às narrativas do grande realismo. em uma tensão constante. Esse e o outro lado da moeda, repleto de elementos que subjazem à compreensão de Lukács sobre a literatura moderna. Nosso artigo visa assim discutir essa tese, perguntando-se quais são as circunstâncias que tornam possível um tour de force realista. Também nos interessa avaliar o contexto em que Lukács desenvolve essa tese, considerando suas polêmicas contra o sociologismo vulgar, bem como seu engajamento na frente popular nos anos 1930.

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